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Crise dentro da crise: A invisibilidade das periferias na pandemia

A população mais atingida pela pandemia do covid-19 é pobre e negra. Esse é o lugar que o racismo histórico nos situou, no mesmo lugar onde estivemos desde a escravização.
Crise dentro da crise A invisibilidade das periferias na pandemia

Estamos no meio de uma crise de saúde global: Pandemia pelo novo coronavírus 19.

Temos uma rede de notícias integrada por gente competente da comunicação, ligados mundialmente a todas as vias possíveis para que fiquemos bem informados e tomemos todos os cuidados necessários para passar por esse “furacão” mundial que nos alcança sem distinção.

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Apenas ligando a televisão ou olhando em algum canal de notícias na internet conseguimos atualizações precisas da situação da crise.

Esse momento de isolamento social nos convoca a vários tipos de reflexões.

Pessoas que normalmente não tem tempo sequer para falar com seus familiares, agora estão completamente disponíveis.

No mesmo momento em que escutamos o noticiário sobre as dificuldades que as famílias de classe média vem enfrentando ao lidar com as demandas do isolamento social.

Tais como: administrar o ânimo das crianças, fazer com que elas executem as tarefas que são enviadas dos colégios pela internet, organizar as tarefas domésticas por estarem sem seus empregados e diaristas e ainda fazer home office.

Por outro lado, observamos as reportagens em comunidades onde existem casas com 15 ou mais pessoas morando em cômodos pequenos, ou filas nos transportes públicos.


“…A maioria da população atingida pelo transtorno da pandemia do covid-19, é pobre e negra. Esse é o lugar que o racismo histórico nos situou, no mesmo lugar onde estivemos desde a escravização…”


Vemos que no mínimo cinquenta por cento dessas pessoas são negras.

Quem são as diaristas, empregadas domésticas, faxineiras, trabalhadores em lanchonetes, bares, restaurantes etc, que estão sem poder ir a seus trabalhos deixando de ganhar os seus sustentos?

A maioria dessa gente é negra e está nas periferias.

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Nesse momento em que refletimos sobre o real valor da coisas materiais, como normalmente usamos nosso tempo e outras questões importantes, deveríamos refletir também, sobre como o racismo funciona e sempre funcionou.

A maioria da população atingida por todo o transtorno da pandemia do novo coronavírus, é pobre e negra. Esse é o lugar que o racismo histórico nos situou, no mesmo lugar onde estivemos desde a escravização.

Muitas pessoas tem a possiblidade de executar seus trabalhos de casa, com conforto e seguramente.

Acredito que seja um bom momento para conhecer o trabalho de tantas organizações, associações de bairros, voltadas e preocupadas com o trabalho de suportar no “básico”, com o mínimo.

Muitas pessoas dessas comunidades periféricas, necessitadas da atenção que o governo, com burocracia excessiva e outros entraves, não consegue atender idealmente.

Locais sem o essencial para sobrevivência: saneamento básico, energia elétrica, postos de saúde, transporte, escolas e lazer.


“…É urgente que a força da periferia seja reconhecida como fornecedores dos serviços essenciais do país…”


Momento para ampliar o debate sobre o lugar que historicamente a população negra está colocada e que há muito já passamos da hora de olhar para essa situação e efetuar mais ações para transforma-la.

Um grande número de pessoas já o faz. O governo de alguma forma tenta, mas não consegue atingir a todos.

Entretanto, é muita gente trabalhando, doando, organizando muitas vezes, sem nenhuma ajuda oficial.

Mostrando a desigualdade social e a falta de oportunidades que a população em geral, pobre e preta é submetida.

Temos que nos informar e nos engajar nessas ações. Acredito que dessa forma, teremos mais visibilidade além do noticiário policial ou quando marcadores negativos precisam ser apontados.

É urgente que a força da periferia seja reconhecida como fornecedores dos serviços essenciais do país.

Que um grande número dessa população não parou de trabalhar porque ficariam sem nenhum provento para seu sustento e também porque se essas pessoas pararem, aí sim, o país para.


“…Quem iria trabalhar dirigindo coletivos, cobrando as passagens, limpando a cidade, abastecendo e atendendo nos supermercados?”

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Incontáveis quantidade de serviços, tão enraizados na rotina diária da cidade que só percebemos quando não são realizados.

Precisamos nos fortalecer e nos unir a ações super afirmativas existentes para que cresçam e apareçam mais como organização.

E, assim possam receber cada vez mais incentivos governamentais e empresariais que auxiliem a desenvolver e implantar projetos que efetivamente suportem as populações periféricas no que mais necessitam para sobreviver e crescer com o mínimo de condições.

A periferia precisa sobreviver porque nesse momento de pandemia é afetada fundamentalmente no ponto mais grave: a saúde.

Precisa sobreviver, porque precisa ser vista, deve ocupar outros lugares, os lugares que desejar.

Quem iria trabalhar dirigindo coletivos, cobrando as passagens, limpando a cidade, abastecendo e atendendo nos supermercados?

Não quero gerar mais apreensão e dúvidas nessa hora de angústia pela incerteza do futuro da saúde e da economia do país.

O governo tem que nos atender no “básico” pelo menos, sem que isso pareça um favor ou um grande feito.

Pelo contrário, deveria ser o normal e implantados sem que setores da sociedade precisassem se movimentar e despender um grande esforço para que isso aconteça.

Esclarecimento é fundamental para que entendamos o lugar aonde estamos e para onde queremos ir.

Quando conseguimos perceber o funcionamento social, ficamos mais atentos e firmes na intenção de entender e melhorar nossa situação e compreender que podemos, sim, estar em todos os lugares.

Uma boa forma de crescimento, no sentido da ajuda eficiente das populações mais necessitadas, seria compreender que essa faixa de população pode se contaminar mais, por haverem situações que alguns na casa se isolam, mas outros precisam ir trabalhar.

Isto justamente para garantir o sustento daquele núcleo e podem não ter condições básicas, água por exemplo, para executar os procedimentos de higiene aconselhados pelos órgãos da saúde.

O cidadão fica dividido entre a necessidade de prover a família e acatar as orientações da saúde publica. E é necessário insistir e ajudar essa população a organizar da melhor forma possível essa condição.

Que o resultado dos acontecimentos e ações gerados por essa urgência mundial de saúde reflitam no melhoramento da situação dessa parte importante da população que contribui com seu trabalho para o desenvolvimento da economia do país.

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Observamos que os órgãos governamentais têm procurado atender as demandas que surgem dessa situação de crise. Todos os serviços são importantíssimos principalmente da área da saúde.


“…o trabalho dessa parcela da população principalmente nos grandes centros é o que move grande parte dos serviços. Se por qualquer motivo essa população precisar parar, talvez muitas cidades do país pararão…”


Médicos, enfermeiros, agentes de saúde, psicólogos; todos os trabalhadores envolvidos nas tarefas no trato com a pandemia.

Muitos desses profissionais na linha de frente, mais expostos a contaminação que outros.

Vamos nos auto cuidando, cuidando uns dos outros, ficando fortes física e emocionalmente, para que esses momentos transcorram da melhor forma possível.

Podemos destacar a contribuição dos psicólogos ajudando no suporte de demandas emocionais trazidas pelos profissionais diretamente ligados ao serviço de saúde e da população, também afetada e insegura pela perspectiva de desemprego e desassistência.

Essa pandemia nos atinge sem distinção, por esse motivo seguir as indicações das autoridades de como proceder para que ela se espalhe pouco e contamine o menor número de pessoas possível, é dever de todos nós.

Olhar a situação das populações periféricas é muito importante.

Precisamos entender que o trabalho dessa parcela da população principalmente nos grandes centros é o que move grande parte dos serviços e, se por qualquer motivo, de pandemia ou não, essa população precisar parar, talvez muitas cidades do país pararão também.

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Sobre o autor(a)

Eneida de Paula

Eneida de Paula

Psicóloga Clínica, com especialização em Psicologia e Relações Raciais, pelo AMMA Psique e Negritude. Interesse pelas relações raciais e como o sofrimento apresentado em consequência do racismo.
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