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Caosrentena: da “gripezinha” ao caos total

No final de fevereiro a notícia do vírus chegou aos solos brasileiros. Minimizamos sua força. Aos poucos tivemos que lidar com incertezas, olhar para nossas vulnerabilidades.
Caosrentena da gripezinha ao caos total

Parecia distante no começo. Começamos a ouvir as primeiras notícias sobre o corona vírus na China e nem sabíamos ao certo o que ele poderia causar.

Passado algum tempo, a covid-19 chegou aos países europeus e cada vez mais ouvimos falar em medidas de isolamento social. Ainda assim, continuávamos negando que também poderíamos ser afetados.

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No final de fevereiro, a fatídica notícia de que o vírus acabara de chegar aos solos brasileiros. Minimizamos sua força.

Fizemos piadas, memes e resistimos em permanecer em casa, até que a quarentena passou a ser recomendada pelos governantes.

De início, parecia ser uma boa opção. Afinal, quem não gostaria de ficar alguns dias em casa?

Aproveitamos o tempo livre para ler aquele livro que estava há anos encostado na estante; para assistir inúmeras lives; maratonar séries, fazer novas receitas, praticar exercícios físicos e outras diversas promessas que fizemos. 

Por outro lado, os primeiros sinais de preocupação apareceram naqueles que não poderiam realizar seus trabalhos no modelo home-office.

Infelizmente, muitos tiveram que fechar seus negócios e/ou foram à falência.

Quarentena prolongada por mais duas semanas…

Aos poucos, o sentimento de desconforto foi ganhando maiores proporções.

Algumas empresas tiveram que reduzir a carga horária de seus funcionários e, consequentemente, diminuir seus salários para evitar demissões.

Outras, contudo, não puderam fazer isso. Continuávamos fazendo brincadeiras, mas com uma frequência menor.

Quarentena prolongada por mais duas semanas…

Os números foram crescendo e as mortes passaram a ter nomes de pessoas conhecidas. Aqueles que perderam entes próximos para a covid-19 sequer puderam se despedir.

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Algo que não imaginávamos que poderia acontecer. As tristes cenas que víamos na Itália, Espanha e Estados Unidos se repetiam aqui e passaram a ocupar boa parte dos noticiários.

O futuro passou a ser cada vez mais incerto e já não sabíamos quando o isolamento acabaria.

Se antes o víamos como um período de descanso agora já nos sentíamos aprisionados e ansiosos com o fim da quarentena.

Quarentena prolongada por mais duas semanas…

Já não fazemos mais piadas nem temos mais energia para fazer cursos, exercícios físicos, maratonar séries ou qualquer outra atividade que nos propusemos a fazer no início do isolamento.

Nos vemos tomados por uma sensação de cansaço e angústia que aflora nossos sentimentos. Cada um, obviamente, sente a sua maneira.

Uma pessoa com um quadro depressivo pode sentir-se mais triste após três meses em casa; o ansioso, por sua vez, inquieto e apressado para retomar suas atividades, e uma pessoa com claustrofobia pode ter manifestado sentimentos de incômodo após tantos dias de confinamento.

O fato é que todos nós, em alguma medida, experimentamos essa sensação de caos. Provavelmente, observamos muitas de nossas convicções caírem por terra. 

É possível que tenhamos percebido que não temos a paciência com nossos familiares que imaginávamos ter ou que sentimos muito mais falta de algumas pessoas do que pensávamos que iríamos sentir.

Também entramos contato com muitas vulnerabilidades nossas que talvez não tivéssemos conhecimento e percebemos que o cuidado com a saúde mental é extremamente necessário.

Triste notar que foi necessário um período de isolamento social para que muitas pessoas compreendessem a importância de olhar para si.

Flexibilização

O momento mais esperado nos últimos meses parece se aproximar. Estranhamente, temos uma relação paradoxal com essa possibilidade de retorno às atividades: queremos retomar o convívio social, mas tememos que ainda não seja o momento adequado.

Embora estejamos todos desgastados com esses quase quatro meses em casa, ponderamos se não seria necessário estender esse período para diminuir as chances de uma segunda onda de contágio.

Mais uma vez, nos vemos diante de uma incerteza e essa incerteza, creio eu, é a principal causadora de todos os outros desconfortos que temos. Ainda não descobrimos um remédio ou vacina que seja eficaz no tratamento da covid-19.

Também não sabemos se, uma vez infectados, criamos anticorpos que nos protegem de um segundo contágio tampouco se o corona vírus perderá força nos próximos anos, tal qual outras doenças que aqui se instalaram. 

Lidar com incertezas é olhar para nossas vulnerabilidades, o que evitamos a todo custo.

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Nessa quarentena, não tivemos opção de fuga, seja isso bom ou ruim. O sentimento de caos chegou para todos.

Indicação de leitura

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Sobre o autor(a)

Rodrigo Xavier Franc

Rodrigo Xavier Franc

Graduado em Psicologia, ampla vivência com pessoas em situação de rua e dependentes químicos. Atualmente realizo atendimento clínico nos bairros de Santana e Higienópolis.
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