O último censo do Centro de Controle de Doenças aponta um aumento de 10% no nascimento de crianças com Autismo nos Estados Unidos.
Aqui no Brasil não sabemos quantas pessoas possuem esse diagnóstico no país! Nesse ano iriamos ter um mapeamento, mas por causa do Covid-19 foi adiado.
Utilizamos os números dos EUA como referência, que nos conta que a cada 54 nascimentos, um bebê tem Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Após essa contextualização do cenário atual, vamos para os aspectos históricos? A primeira vez que o termo autismo apareceu na literatura psiquiátrica em 1906 por Plouller e difundido por Bleuler em 1913, que a mencionou como um sintoma da esquizofrenia infantil.
Em 1943 um médico psiquiatra austríaco chamado Léo Kanner realizou um estudo com 11 crianças e descreveu um conjunto de sintomas que eram comuns entre elas.
Já em 1944, foi a vez do psiquiatra austríaco Johann Hans Friedich Karl Asperger estudar e descrever o comportamento de um grupo de 8 crianças. Ele já tinha conhecimento acerca dos estudos de seu antecessor, mas listou outras características.
É importante ressaltar que, embora os dois fossem austríacos, Kanner morava nos Estados Unidos o que facilitou a disseminação do seus estudos, visto que foi escrito em inglês. No caso de Hans Asperger, seus textos só se tornaram conhecidos em 1999 pela psiquiatra inglesa Lorna Wing.
Em outras palavras, podemos dizer que a Síndrome de Asperger é mais recente que o Autismo de Kanner, embora os estudos tenham ocorrido com 1 ano de diferença.
Os estudos dos dois psiquiatras se complementam ao mesmo tempo que diferem entre si.
Perceberam que os sintomas estavam presentes nessas crianças antes dos 3 anos de idade, tinham contato visual muito pobre, repetiam sons que ouviam ou alguns comportamentos de outras pessoas em contextos inapropriados.
Notaram que não havia nenhuma característica física em comum, como acontece na Síndrome de Down e eram resistentes a mudanças.
Tanto Kanner quanto Asperger perceberam que as características observadas eram muito diferentes da esquizofrenia, pois os sintomas apareciam desde bebê e não apresentavam alucinações. Concluiram, então, que estavam diante de um novo transtorno.
Embora tenham semelhanças entre seus estudos, encontramos divergências relacionadas a alguns sintomas e origem. Hans Asperger escreveu que as crianças observadas por ele não tinham nenhum prejuízo cognitivo, ao contrário do estudo de seu antecessor.
Em relação a fala, na Síndrome de Asperger encontramos indivíduos com um vocabulário mais rebuscado, falam palavras difíceis e muitas vezes utilizam um tom de fala diferente do que estamos habituados.
Já na Síndrome Autista do Kanner, as crianças não desenvolviam a fala, o que prejudicava a sua comunicação com os pares, cuidadores e o mundo.
Além disso, Léo Kanner acreditava que o isolamento social presente no Autismo tinha origem inata, ou seja, nascia com o indivíduo. Já Asperger acreditava que era constituído na sua relação com o mundo.
Hoje em dia o termo Síndrome de Asperger não é mais adotado, pois em 2013 o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais V (DSM V), livro utilizado por profissionais da saúde mental, modificou a nomenclatura Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O TEA engloba o Autismo de Léo Kanner e a Síndrome de Hans Asperger, assim com outros transtornos mentais como: Síndrome de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação.
Por fim, ao compilar diversos Transtornos com características semelhantes, podemos imaginar o Transtorno do Espectro Autista como um grande guarda-chuva.
Cada ferro unido, compõem esse adereço que usamos para nos proteger em dias chuvosos. Se um deles quebra, nos molhamos; ou seja, nenhuma parte é mais importante que a outra.
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