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Solstício de inverno: O chamado à introspecção e sabedoria

Hora de refletir sobre o que nos nutre, olhar para o fogo interior e fazer questionamentos silenciosos sobre como está a nossa vida interior.
Solstício de inverno O chamado à introspecção e sabedoria

E o inverno chegou nesse nosso hemisfério sul, no solstício do dia 20 de junho. Frio, vento, uma chuvinha. É hora de se recolher, entrar numa caverna feita de edredons e cobertores.

É um momento de se proteger do frio e do que mais estiver sendo trazido pelo inverno interior. É um movimento de recolhida que vem acontecendo junto com a situação do mundo atual, da pandemia e o isolamento social.

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A Natureza novamente faz um movimento de morte e nos transporta para o nosso interno. O momento é de interiorização e não externalização, e a Natureza nos cobra isso.

O brasileiro, um povo tão quente, acostumado ao calor e em “estar fora” sente esse movimento, essa dureza do inverno e do isolamento talvez com mais força.

Existe alegria ao contemplar o fogo, mesmo que esse seja dentro de nossas casas, velas acesas ou invés de fogueiras juninas. As canções, as risadas e a certeza de tudo isso passará podem confortar-nos e aquecer-nos.

Para o feminino, a cobrança do momento nos pede introspecção, ausência. Pede que cada uma se retraia. Na caverna, vamos para nosso centro profundo, o cerne da alma.

E é aqui que nos encontramos o arquétipo da Anciã Bruxa.

Ela nos pede, como boa mulher selvagem que é, que vivamos a energia do feminino com introspeção, internalização dos conteúdos, solidão, silêncio, recolhimento.

Acaba um ciclo neste momento, com a chegada do símbolo da Lua Nova e tudo o que ela significa: encerramento, peso, recolhimento, carga… para que vida nova venha na próxima primavera.

Cultivamos tantas coisas durante o período de calor e liberdade, que agora é hora de resguardar, estocar, conservar, preservar. Hora de refletir sobre o que nos nutre, olhar para o fogo interior e fazer questionamentos silenciosos sobre como está a nossa vida interior.

Agora é um momento de reflexão silenciosa e profunda e isso obviamente pode nos tornar menos vivazes e até um pouco deprimidas, indispostas para a conexão com o mundo e com os outros. E que momento propício para tal energia!

Assim como durante o ciclo menstrual, essa é a hora que o sangue se esvai para que um novo ciclo comece, um momento de verdadeira vivência da caverna-útero de cada mulher, possuindo ou não o útero físico (e para o feminino dos homens também).

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É o momento da separação daquilo que não serve mais daquilo que será útil no início do próximo ciclo: ideias, pensamentos, crenças, relacionamentos situações, padrões.

O que é obsoleto pode agora ser deixado para trás.

É um momento de autoquestionamento: O que aprendi no último ciclo? O que estou cultivando para minha saúde física, emocional, espiritual? Como eu nutro todas as partes de mim? Consigo me manter aquecida com minha fogueira interior neste período de recolhimento?

Claro que não há uma neve externa como em outros lugares da Terra, mas há uma neve psíquica que cobre todas nós internamente neste momento do solstício. Consigo sentar-me em meio à esta nevasca e não só sobreviver, mas ter a certeza de vicejar assim que ela começar a derreter?

A minha Terra vive por baixo do enregelamento? Existe dentro de mim uma primavera e um verão florescendo e ardendo suficientes para me levar até o outro lado? Plantei o necessário para que a neve não seja uma ilusão que me leva a acreditar que o inverno da alma será infinito?

São questões poderosas para refletirmos durante este período.

O arquétipo da Anciã Bruxa, mesmo quando experimentado com consciência, pode ser bastante pesado. Mas é preciso olhar para essa faceta da psique feminina, que não finge, não esconde, não usa máscaras, só traz as verdades a respeito de nós mesmas.

Como um espelho, temos a oportunidade de ver nossa própria imagem verdadeiramente, todos os nossos anseios, desejos e sonhos refletidos, a nossa própria alma desnuda.

Quanta beleza há nisso! Entre em sua caverna, depare-se com sua Anciã, seu fogo interior e aninhe-se perto dele para encontrar as respostas… ou pelo menos encontrar as perguntas-chave que a levarão para um caminho que tem coração. Sinta profundamente cada resposta encontrada através das imagens que podem aparecer através da Anciã Bruxa.

Seja bem-vinda à sabedoria do inverno, à sabedoria da morte, da pausa, do emudecer.

Recebamos agora a Velha Sábia Interior. Recebamos as Velhas que cruzam nosso caminho, sejam elas mais jovens ou mais velhas, mas que sejam mulheres que carregam a sabedoria do mundo avernal em suas mentes, corações e ventres.

Recebamos e estejamos prontas para o ciclo de vida-morte-vida da próxima Primavera.

Indicação de leitura

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Sobre o autor(a)

Marianna Portela

Marianna Portela

Mulher contadora de histórias, perguntadeira, escutadora. Atriz, poetisa, buscante, brincante. Mãe. Brasileira imigrante em Berlim. Pesquisadora do feminino e da ancestralidade. É criadora dos Encontros de Histórias Curativas
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