É impossível falar em humanização da saúde no Brasil, sem citar o nome de Nise da Silveira. Mulher brasileira, psiquiatra alagoana nascida no começo do século XX, Nise da Silveira foi uma figura central para que a psiquiatria no Brasil não utilizasse mais métodos agressivos e desumanos.

“Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas.”

Nise da Silveira

Arte e saúde mental pelas lentes de Nise da Silveira

A história dos hospitais psiquiátricos no Brasil traz uma marca da estigmatização da loucura. Até os dias de hoje pessoas que apresentam formas de pensar diferente da maioria é visto como um “louco”, alguém que não merece ser ouvido, ou pior, merece o isolamento e confinamento.

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Nos anos 40 os manicômios eram grandes depósitos de pessoas com transtorno mentais que passavam anos reclusos em condições precárias e desumanas.

Comumente os tratamentos da época era eletrochoque, insulinoterapia, lobotomia, excesso de medicação (“dopados”), além de maus tratos, violências física, psicológicas e sexuais. Práticas terapêuticas repudiadas por Nise que lutava para que outras técnicas psiquiátricas fossem utilizadas.

Por isso, ela foi transferida para atuar no setor de Terapia Ocupacional Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro (RJ), área desprezada pela classe médica.

Diante disso, Nise desenvolveu técnicas terapêuticas criando ateliês de pintura e modelagem visando proporcionar espaços favoráveis para estimular a criação de vínculos, a expressão simbólica e a criatividade; muito diferente das tarefas de limpeza e manutenção do hospício que eram as únicas atividades promovidas para os pacientes.

Diante das diversidades, brilhantemente a doutora Nise dá início há um rico trabalho de pesquisa, amor e arte. Seu trabalho foi reconhecido em todo mundo e a produção artística dos seus pacientes chamaram atenção de um dos nomes mais famosos da psicologia: Carl G. Jung.

O ateliê se mostrou um recurso extremamente rico para acessar o inconsciente dos pacientes principalmente por meio de pinturas e mandalas. Em 1992 foi inaugurado o Museu de Imagens do Inconsciente, onde há muitas obras expostas para visitação e também um espaço dedicado para pesquisas e estudos.

Homenagem no cinema

Em 2016, a história de uma vida de luta e desistência em busca da humanização dos tratamentos psiquiátricos ganhou as telas do cinema com o filme “Nise: O coração da loucura”.

Com a marcante interpretação de Glória Pires, o filme apresenta a atuação da doutora Nise num hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro na década de 40. Em meio as horrores presenciados no hospício como eletrochoque e lobotomia utilizado para o tratamento de pacientes esquizofrênicos, Nise se opõe aos métodos realizados pelas classe médica. 

Em resposta aos seus questionamentos, sofreu retaliação dos seus colegas de profissão e foi remanejada para o setor de Terapia Ocupacional que na época era visto como uma área de atuação insignificante na psiquiatria.

Vale a pena conferir o filme dessa figura que quebrou paradigmas dentro dos protocolos médicos em prol de uma prática humanizadora, suas contribuições para a teoria psicanalítica e seu reconhecimento na classe médica.

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O FILME “NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA”

Origem: Brasil, 2016
Direção: Roberto Berliner
Elenco: Gloria Pires, Augusto Madeira, Bernardo Marinho, Charles Fricks, Cláudio Jaborandy, Fabrício Boliveira, Felipe Rocha, Julio Adrião, Flávio Bauraqui, Fernando Eiras Onde assistir? Netflix

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