Podemos dizer que, na época de Freud, um grande tabu era falar abertamente sobre sexo. Entretanto, na atualidade, dentro do consultório de psicologia e no cotidiano entre conhecidos, percebo dois temas com grande dificuldade de expressividade: o luto e a vinculação entre as pessoas com medo de de relacionar.
O luto, justamente por quase não dialogarmos e refletirmos sobre ele com naturalidade sendo, sim, um evento natural e certo.
Vemos, geralmente, com muito medo e tentamos afastar a ideia e o próprio acontecimento, a todo custo.
O temor de perder
Já a dificuldade do vínculo parte do mesmo princípio, na maioria das vezes: o temor de perder.
A probabilidade de afastamento, por escolha ou não, já traz inquietude. Muitos pensam: “Se vou sofrer pelo rompimento do laço, então, nem tentarei a proximidade”.
E assim, indivíduos se queixam da solidão, da restrição em contatar e/ou serem contatados, e de criar relações de amizade sólidas e saudáveis.
É inegável que as pessoas, inclusive nós mesmos, podemos pegar outros rumos, e as vinculações perderem a força. Por questão de sintonia, ocupações, interesses, dentre outros motivos.
E isso é, de certo modo, comum e até esperado.
Quantas vezes encontramos novas companhias, ou as antigas se afastam? Muitas vezes, não por desfeita ou descaso, mas devido aos novos rumos que a vida toma.
Mesmo assim, não quer dizer que somos esquecidos, ou que não poderemos mais contar.
Dependendo da consideração e da afeição, em situações mais delicadas ainda temos essa força à disposição ou a oferecemos.
Porém, falta as pessoas dizerem mais e, principalmente, pelo menos demonstrarem vez ou outra.
Não esperar por atitudes tão frequentes, “exclusividade” ou “grude”, afinal, vivemos num mundo bem atribulado, onde o tempo está de fato parecendo correr cada vez mais rápido, tarefas exigem dedicação, e outros pares precisam de atenção.
Um simples “oi, você está bem?”, “cuide-se”, “está precisando de alguma coisa”, “vi essa frase/mensagem e lembrei de você”, ou mesmo um convite para um café da tarde nas férias, final de semana ou num feriado, pode mudar completamente o dia de alguém.
Saia da passividade e tenha mais iniciativa
E também devemos ir em busca! Bons e duradouros contatos nem sempre acontecem, porém, sem tentativas as chances são ainda menores.
Tome a iniciativa, converse, conheça. Talvez, de dez diálogos apenas um ficará, por compatibilidade, gostos em comum. A velha frase que nossos pais diziam: “amigos pra valer cabem nos dedos das mãos”.
O mesmo se aplica para relacionamentos no teor romântico.
Não quer dizer que uma frustração culminará em outra. Fechar-se para as possibilidades também não traz benefícios.
Caso você deseje ter alguém para compartilhar a vida, observe, dialogue bastante, procure estar a par da história e das características principais da personalidade do proponente.
Um bom começo é iniciar com uma amizade. Sem muita “sede ao pote”, com tranquilidade.
De certo modo, toda relação é também uma “loteria”. Não sabemos muito bem no que vai dar até vivenciarmos.
E todos temos o direito de tentar.
Se você está apresentando muito entrave nesses contextos, procure ajuda.
O cenário psicoterapêutico pode colaborar com a retomada da confiança, autoestima e auxiliar no vislumbre das possibilidades.
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