Olhar todas as questões que a crise na saúde pública trazida pela pandemia do Covid-19 nos apresentam, é um exercício trabalhoso e deve ser praticado por cidadãos comprometidos com o enfrentamento de problemas há muito tempo existentes, mas agora escancarados.

No mundo, e mais particularmente no Brasil, revelam-se complicações que sempre estiveram presentes, que devem ser refletidas, para que haja um entendimento e tomada de posição da sociedade.

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Estamos há mais de nove meses nessa crise e a parte da população mais atingida pela impossibilidade de fazer o isolamento social são as pessoas pobres e negras. A grande maioria dessas pessoas perderam seus empregos e tiveram que se reinventar para sobreviver.

Essa constatação nos leva a pensar: Como, então, será o futuro do trabalho?

Como será o futuro do trabalho?

O primeiro fator para raciocinarmos é como será o funcionamento das empresas, porque é o que mais aparece na mídia: o impacto da pandemia e do isolamento social sobre os grupos empresariais.

E sim, há muito que se pensar. Mas como serão as relações de trabalho?

Algumas, já há algum tempo, vem sendo modificadas. As empresas irão se abrir para um funcionamento mais home office e menos no espaço corporativo físicogeográfico?

Como acontecerão essas mudanças? Quais serão os seus impactos na economia e nas vidas das pessoas?

Quem será mais beneficiado ou prejudicado com essas prováveis mudanças? Homens? Mulheres? Brancos? Negros? É urgente refletir!

Essa diversidade toda deverá ser contemplada, e, entendendo que se não houver uma intenção positiva em realizar ações que atendam essa ampla pluralidade teremos grandes dificuldades no crescimento da economia e no desenvolvimento de pessoas.

E no bojo dessas demandas é preciso que nos detenhamos na questão do lugar da mulher no mercado de trabalho, de onde ela esteve e onde será colocada nesse novo painel.

A mulher no mercado de trabalho

A respeito da evolução das mulheres no mercado de trabalho:

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Com o passar dos anos, a fatia do mercado de trabalho ocupada pelas mulheres aumentou.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menos de 14% das mulheres tinha emprego nos anos 1950, e o último censo (2010) mostra que esse número passou para 49,9%.

No entanto, a quantidade de mulheres empregadas ainda é bem menor quando comparada aos homens, cuja participação caiu. Passou de 80,8% em 1950 para 67,1% em 2010.

Portanto não se pode negar que houve um grande avanço, apesar da desigualdade em termos de salário e qualidade de emprego ainda estarem presente.

Junto a essa problemática vem a questão do lugar da mulher negra, historicamente relegada a planos inferiores.

A justa inserção da mulher negra no mercado de trabalho em geral e no mundo corporativo.

A mulher negra é alojada na base da pirâmide social, onde há pouquíssimas oportunidades.

A situação se agrava vertiginosamente quando tratamos da situação de mulheres negras no mercado de trabalho no Brasil.

Pois o racismo e sexismo juntos mantêm a maior parte das mulheres negras em condição de miserabilidade, exclusão e/ou ocupando vagas precárias de trabalho, na informalidade ou nos empregos com carteira assinada, nos quais elas recebem os menores salários, menos benefícios e dificilmente ascendem a cargos de liderança, sendo preteridas, ainda que estejam tecnicamente preparadas

De acordo com a Alessandra Benedito, Doutora e Mestre em Direito Político e Econômico, Especialista em Direito Processual Civil: Estamos caminhando em passos muito lentos na conquista de igualdade, enquanto isso, desperdiçamos vidas, talentos e dinheiro.

A necessidade de superação da condição de desigualdade da mulher negra no mercado de trabalho é emergencial, fato que trará como consequências alterações positivas em todos os âmbitos da vida dessas mulheres.

E, por conseguinte, na estrutura socioeconômica e cultural do país, que dará um passo significativo rumo ao tão sonhado desenvolvimento sustentável e à efetivação da cidadania.

No instante em que tentamos visualizar como será o novo normal, como será a adaptação a essas condições que ainda não sabemos direito como estruturá-las.

É urgente considerar as questões de raça e gênero para que efetivamente sejam reconhecidas, pensadas, eliminando suas distorções com vista a inserir mulheres negras no mercado de trabalho e nas empresas, onde haja um plano de formação e de carreira condizentes comas suas potências.

Existe uma lacuna de séculos, institucionalizada desde a abolição dos escravizados. A partir de quando a situação de marginalização e exclusão da população negra foi instituída e com o passar do tempo cristalizada.

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Verificamos alguns avanços, por exemplo, a legislação que enquadra preconceito racial e discriminação como crime, mas há muito que se progredir.

Somente a lei não basta. Pensando em um “novo normal” e como será o perfil de trabalho num futuro bem próximo, analistas especializados fazem projeções para os próximos anos.

Empresas precisam rever o seu modo de trabalho, priorizando o home office, replanejando organogramas e fluxogramas.

O que acontecerá com funcionários que exercem funções impossíveis de serem realizadas em casa, assistentes, secretárias, recepcionistas, faxineiras, copeiras e tantas outras?

Talvez pensar em incluir essas pessoas em treinamento e capacitação para outras funções ou mesmo, dentro da proposta de se pensar mecanismos de trabalho para o novo normal, criar funções que integrem esses funcionários na empresa e não os marginalizem, provocando grande número de demissões.

A mulher negra, é o pior salário nos gráficos disponibilizados. Ganha menos do que todos, homens e mulheres brancos e homens negros.

Isso quando olhamos para trabalhos menos técnicos ou que exijam pouca formação.

Quando conhecemos gráficos que marcam altos cargos o que é raro, ou quando olhamos para disputa de melhores colocações e salários, a mulher negra, quando consegue, estudou 8 vezes mais do que um homem branco e cinco vezes mais que uma mulher branca.

Para a mudança e adaptação é necessário estabelecer equilíbrio emocional, sem o qual será impossível, para mulheres negras, enfrentar a demanda de se colocar num universo racista, machista e sexista.

É necessário suporte institucional, social e psicoterapêutico. Empresas precisam de especialistas atualizados em gestão empresarial,conectados com a questão da diversidade e da inclusão.

Psicoterapeutas devem estar nessa convocação. Através de cursos, palestras, seminários, roda de conversas dirigidos por esses profissionais, atualizar equipes sobre o que é diversidade e como poderá ser implantada.

Pensar o futuro do trabalho é sem dúvida tarefa com a qual a sociedade inteira deve se comprometer.

Às organizações cabe compreender a atual estrutura de trabalho onde potencias não são aproveitas.

Devera haver modificação das estruturas, no sentido de implantar funcionamento cem por cento humanizado. Acolher as necessidades educacionais, profissionais, sociais, ambientais, emocionais e outras que surgirão a medida que cada uma delas seja tocada e sentida.

Importante entender também, que embora estejamos em um momento de robotização de muitas tarefas, sem material humano capacitado, equilibrado emocionalmente, não conseguiremos evoluir para uma sociedade justa e igualitária.

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Referências Bibliográficas

Disponível em: https://www.unicesumar.edu.br/blog/mulheres-no-mercado-de-trabalho/

Disponível em: https://www.mundorh.com.br/mulheres-negras-no-mercado-de-trabalho Acesso em 14/12/2020

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