Hoje gostaria de compartilhar contigo um pouquinho do meu encontro com o Psicodrama.

Acredito que a melhor forma de entender alguém seja através de sua história de vida e como dela se constituiu, pois em última instância, é o que nos diferencia.

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A maneira particular com que me relaciono com meu mundo interno e externo. Portanto, para falarmos do Psicodrama proponho sabermos um pouco de quem foi Jeacob Levi Moreno.

Moreno & Psicodrama

Tem origem judaica e nasce na cidade de Bucarest, na Romênia, em Maio 1889. Sua mãe nesta ocasião tinha 15 anos e seu pai 32. Teve 5 irmãos.

Aos 5 anos chega com a família à Viena e aqui pode-se dizer ter sido o nascimento psicodramático de Moreno, onde em uma brincadeira com outras crianças, de “deus e anjos” no porão de sua casa, empilham vários caixotes sobre uma velha mesa e mais uma cadeira em cima, representando o torno de deus.

“(…) E lá estava o “menino-deus Moreno”, sentado, quando um dos anjos solicitou que voasse e ele o fez, estatelando-se no chão e fraturando o braço direito”.

Moreno refere-se com humor a este episódio dizendo que estava aí o embrião de sua ideia da espontaneidade como centelhas divinas em cada um de nós.

(GONÇALVES et al., 1988, p. 11)

Em 1912 na Universidade de Viena troca o curso de Filosofia, indo para a Faculdade de Medicina, já atuando como interno da Clínica Psiquiátrica de Viena. Ali também, durante um curso de verão, conhece Sigmund Freud.

Já em 1914, juntamente com um jornalista e um médico venereologista, realiza um trabalho com prostitutas vienenses usando técnicas grupais que as levassem a conscientizarem-se de sua situação, favorecendo a organização de uma espécie de sindicato.

Nos anos 20 publicou anonimamente “As palavras do Pai” onde começava a esboçar questões ligadas ao conceito de centelha divina e a espontaneidade no plano existencial.

Ele funda Em 1921 o Teatro Vianense da Espontaneidade, o que constituiu a base de suas ideias acerca da Psicoterapia de Grupo e do Psicodrama e onde ocorre a primeira sessão psicodramática.

Já ouviu falar em teatro espontâneo?

Durante o desenvolvimento do teatro espontâneo, de forma imprevista, com o caso de Bárbara-Jorge, surge o Teatro Terapêutico em 1923.

Posteriormente como desenvolvimento dos trabalhos e estudos, no Psicodrama Terapêutico.

Moreno emigra em 1925 para os EUA e dois anos depois realiza a primeira sessão psicodramática fora da Europa.

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Na cidade de Hudson, Nova York (1932) passa a estudar e mensurar as relações interpessoais, fundamentando os métodos da Sociometria.

Após o suicídio de uma paciente no mesmo ano, começa o trabalho da Psicoterapia de Grupo.

Em 1936 Moreno muda-se para Beacon House, onde havia um sanatório e foi construído o primeiro Teatro de Psicodrama.

Ali funcionava um centro de formação de profissionais, além da realização de sessões de psicodrama público semanais, funcionando até 1982.

O final de sua vida foi marcado por uma intensa troca com outros profissionais espalhados pelo mundo tentando validar suas propostas.

Ao mesmo tempo transformar a socionomia, de algo experiencial para uma teoria reproduzível, observável e mensurável, ou seja, reconhecidamente uma ciência.

Morre em Beacon em 14 de maio de 1974, aos 85 anos de idade deixando a seguinte mensagem em sua lápide: “Aqui jaz aquele que abriu as portas da Psiquiatria à alegria.”

Espontaneidade e Criatividade

Muitas datas e acontecimentos foram suprimidos, mas acredito que tenha sido possível notar a imensidão de potência, espontaneidade e criatividade que transbordavam da existência de Moreno, não é?

Como forma de estruturar o legado, como vimos acima, ele buscou que seus estudos saíssem do caráter experiencial apenas, passando a ter também um olhar científico, ou seja, que fosse passível de reproduzir, observar e mensurar.

A base do Psicodrama

E a este arcabouço teórico chamamos:

  • SOCIONOMIA – ciência das leis sociais e dentro dela temos três pilares:
  • SOCIODINÂMICA – estuda a inter-relações dos papéis;
  • SOCIOMETRIA – estuda matematicamente as relações grupais
  • SOCIATRIA – estuda o tratamento dos sistemas sociais e onde situam-se as possibilidades de intervenções por meio da Psicoterapia de Grupo, o Sociodrama e o Psicodrama.

Atrelando minha experiência com Psicodrama, tanto como cliente, quanto como psicóloga, vejo que ela comprova a teoria: que nos constituímos mediante o reconhecimento do outro, que aprendemos com o grupo, adoecemos com ele e nele também podemos nos curar.

Até a próxima!

Referências Bibliográficas:

GONÇALVES, Camila Salles et al. Lições de Psicodrama – Introdução ao Pensamento de J. L. Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

MORENO, J.L. Psicodrama. São Paulo: Cutrix, 16ª edição 2012.

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