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Terapia – A arte de ressignificar histórias de vida

Ressignificar é dar novo sentido à sua história de vida ou às situações passadas que você vivenciou e que te marcou.
Terapia - A arte de ressignificar histórias de vida

Cresci vendo minha avó materna tecendo em um tear de madeira cheio de detalhes que me encantava e despertava a minha admiração, minha curiosidade:  “como entender tantos fios cruzando no meio de tantos outros pentes?”.

Eu ficava atrás de minha avó observando sua fisionomia, seu andar, suas mãos e em todos os processos de colher algodão, tingir, desfiar, fazer os fios, enrolar, passar cuidadosamente os fios entre os pentes, amarrar no enorme tear e iniciar o tecer. 

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Seu corpo todo se movimentava, os pés nos pedais que trocava os pentes os de cima desciam e os debaixo subia e eu ali querendo crescer logo para tecer também.

As mãos que tingia, colhia algodão e outras plantas para o tingimento também cozia, rezava e benzia as crianças doentes.

Aprendi ainda criança bordar e crochê atividade que relaxa minha mente.

Percebo uma transformação linda e encantadora que os trabalhos manuais produzem, fios e agulhas, resultam em um tecido, uma blusa, um vestido, cobertor que aquece e protege.

TEAR: Terapia Arte de Ressignificar

Ao me tornar Psicóloga e com o tempo de análise, tecer, bordar, tricotar passou a ter um significado muito maior e profundo, além da conexão linda com a sabedoria dos meus ancestrais.

Entre um paciente e outro bordo, pinto, desenho, tricoto um jeito que encontrei de ficar inteira e em estado meditativo que me prepara para receber a história que vem junto com as pessoas. 

Assim, nos atendimentos percebo o fio condutor na história de vida do cliente, vou observando os pontos que ele deu, os pontos que ele quer dar e os pontos que ainda faltam  para que o seu processo de individuação e a sua criatividade se manifeste em solução, em cura e em transformação.

Além de segurança para que a pessoa encontre novas maneiras de ressignificar suas dores existenciais e novas narrativas, novos desenhos e novas histórias passam a ser contadas ou cantadas.

Apreciar a expressão espontânea dos desejos, fantasias, lembranças, posturas corporais, linguagem, sonhos, ver o movimento que o cliente tece em sua vida, é ver o inconsciente tornando-se consciente como dizia Jung.

Jung apontou, ao longo de sua obra, a importância das atividades expressivas para a objetivação das imagens oriundas do inconsciente (pessoal e coletivo).

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Para ele, os símbolos concretizados pelas imagens pintadas, desenhadas, esculpidas ou representadas de qualquer forma material, representavam a síntese entre a consciência e o inconsciente.

E atribuía às mãos uma certa “autonomia”, pois segundo suas palavras, “há pessoas que nada vêem ou escutam dentro de si, mas suas mãos são capazes de dar expressão concreta aos conteúdos do inconsciente.”

(JUNG, 1982:171)

Outra fonte de significado muito apreciado por mim que auxilia todo o trabalho de análise psicológica são os mitos.

Principalmente os que narram os comportamentos e emoções das mulheres. 

Artesã de si mesma – A espontaneidade do feminino

Observando as atividades femininas de tecelagem, fiação e bordado, estas sempre acompanhadas pela expressão espontânea de desejos, fantasias, lembranças, emoções.

Sentimentos que são perpetuados pela história familiar e pelo inconsciente coletivo, através das brincadeiras, cantorias de lamentos, de paixão, de amor etc. 

Acredito que quando essas atividades de contar histórias, cantar em roda, tecer e brincar ficaram esquecidas e não mais são aprendidas e valorizadas, muitas mulheres perderam o fio da meada de sua autonomia e criatividade.

Assim, adoeceram, deprimiram e buscam fora de si em excessos de distrações produzidos por mídias consumistas e nos “fastfood” a tentativa de cura.

E, ficam cada dia mais longe e distante do seu chamado de alma de poder e presença de suas forças internas, de sua criança Divina. 

As atividades de meditação, relaxamento, tecelagem, análise, terapia e todas outras fontes de autoconhecimento seja pelas Deusas Gregas ou qualquer outra fonte arquetípica são como fios condutores de sabedoria a ser observada, refletida e analisada.

Essas atividades nos conduzem a um estado de graça, de saúde emocional, de equilíbrio mente/corpo tão necessário para que possamos receber e reconhecer os dons e talentos que trazemos em nosso coração.

E o melhor, é a oportunidade de levar ao mundo a luz que pode transbordar de toda essa sabedoria. 

O mundo precisa de você, de sua luz, de sua sabedoria.

Explore seu mundo interior e sua história pessoal e familiar. Gratidão!

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Sobre o autor(a)

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Cleuse Alves Nogueira

Psicóloga Cleuse Alves Nogueira. Atualmente trabalho somente na clínica escolhi a abordagem Junguiana coligada às Técnicas corporais, por viver em meu corpo todas as emoções fundamentais da vida.
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