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A Psicologia está pronta para lidar com racismo?

As situações de discriminação que uma pessoa negra enfrenta cotidianamente é extremamente estressante, adoece e causa traumas. Muitas vezes de forma silenciosa, destruindo os aspectos psicológicos aos poucos.
A Psicologia está pronta para lidar com racismo

A população negra tem uma história de traumas, violências físicas e psíquicas desde a escravidão que reflete nas formas de amar e sentir, se relacionar até os dias de hoje.

Essas agressões são fruto da maior forma de opressão e domínio criada nas relações: o racismo.

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As desigualdades produzem marcas psicológicas

Além de desigualdades sociais e materiais, o racismo produz marcas psicológicas profundas. 

As situações de discriminação que uma pessoa negra enfrenta cotidianamente é extremamente estressante, adoece e causa traumas.

Muitas vezes de forma silenciosa, destruindo os aspectos psicológicos aos poucos.

Seja na escola, faculdade, trabalho, campos de relacionamento, o racismo provoca traumas, ansiedade, crises de identidade, autoimagem e até depressão.

Racismo estrutural

Sendo o racismo, a forma que estrutura as instituições e relações do Brasil, precisamos ver que ele também influencia nas leis do afeto, sobretudo na população negra.

Pois os negros sempre foram preteridos, marginalizados, lidam com solidão e descaso (principalmente a mulher preta).

Por ser um tema extremamente tabu dentro dos diálogos sociais, ainda se faz necessário um aperfeiçoamento do profissional de psicologia dentro do setting terapêutico.

Basta observar que durante a formação acadêmica, não há disciplina específica ou tampouco debates pontuais sobre teoria ou técnicas e manejos para abordar temas tão espinhosos e que fogem do contexto da maioria da formação de psicólogas, que é branca.

Como oferecer esse espaço a um público que tem uma dor tão subjetiva, particular e que em algumas vezes não desperta empatia pela falta de compreensão?

Precisamos de ações que fomentem uma sociedade antirracista

A desconstrução pessoal, como cidadão antirracista pode ser a resposta para um caminho acadêmico, pois entender o contexto social do racismo é essencial para encontrar lugar de fala, escuta e empatia dentro do ambiente terapêutico.

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Mas o racismo gera outros problemas com os quais lidamos na clínica.

Ele pode instalar um processo de ansiedade e angústia, porque você está dentro de situações de humilhação, e com isso abre as portas para depressão.

Por isso se faz importante que o racismo seja visto como problema de saúde mental e como pode contribuir para o agravamento e surgimento de doenças.

No Brasil já algumas pesquisas que nos ajudam a entender os efeitos psíquicos do racismo, mas ainda são pouquíssimas.

No que podemos apreender melhor – os processos de depressão, as crises de ansiedade, as manifestações de uma angústia profunda –, constatamos que pessoas negras que apresentam esses quadros têm forte componentes de racismo.

Para a pessoa preta, o racismo é um fator de risco. Tem uma importância vital dentro da esfera holística do paciente.

Não se pode atender uma pessoa negra sem explorar como o racismo afeta sua vida.

É preciso que a classe amplie sua escuta, aumente o campo de pesquisa para que, ao ouvir essas histórias, possam fazer um link com a realidade das populações negras (ou indígenas, pobres, mulheres, LGBT).

E, principalmente quando a maioria dos psicólogos (as) é de cor branca. 

Além da história individual do sujeito, é importante pensar no racismo estrutural, pra que dentro da psicologia, dentro da nossa escuta, haja um olhar e oferta para essa população negra.

Porque é o racismo que estruturou e que estrutura todas as instituições do Brasil.  

Indicação de leitura

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Sobre o autor(a)

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Romulo Mafra Cruz

Psicologo desde 2009, atuando como psicologo na Secretaria de administração penitenciária do Ma a frente da ressocialização, psicologo clínico, mestrando em ciências da educação
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