Anúncios
ORGANIZE-SE PSI, SEU SOFTWARE PSRA PSICÓLOGOS

Olá a todos! Espero que estejam bem, e se cuidando!

Hoje quero abordar um assunto um pouco diferente, mas que também se refere aos relacionamentos familiares: quando o adolescente precisa de psicoterapia.

Isso mesmo. De um lado, algum conflito familiar, comportamental ou social que esteja prejudicando o desenvolvimento deste adolescente:

  • Brigas familiares (incluindo relacionamento parental ou fraternal, divórcio dos pais, e alienação parental); algum acontecimento que causou impacto familiar, como um falecimento, inclusive do animal de estimação;
  • Transtornos psicossomáticos (incluindo problemas alimentares, afetivos);
  • Drogas, delinquência;
  • Queda de rendimento escolar; conflitos em ambiente escolar (ex.: bullying);
  • Escolha profissional (orientação vocacional);
  • Sexualidade (incluindo relação sexual, abuso sexual, orientação sexual).

De outro lado, temos o psicólogo, que muitas vezes não é capacitado a lidar com adolescentes, uma vez que o adolescente está em fase de transição da fase infantil para a adulta.

Anúncios

E, na psicoterapia, não quer nem ficar fazendo desenhos (porque acha isso muito ‘infantil’), nem ficar só conversando (porque acha muito ‘chato’).

Existe uma falta de entendimento por parte do adolescente quanto à necessidade de psicoterapia, que se expressa como:

  • “Tô aqui porque meus pais insistem”;
  • “Não acho que preciso de terapia”;
  • “Não sei para que serve isto”.

Em geral, o adolescente não vem para a psicoterapia espontaneamente (salvo exceções!), vindo encaminhado da família, do médico e/ou da escola.

E esse é o cerne do meu questionamento no título deste artigo, porque a formação em Psicologia não está especificamente capacitada a estruturar técnicas para lidar com o adolescente em terapia.

Psicólogos acham que basta pedir para o adolescente fazer desenhos, ou participar de algum recurso lúdico (como na psicoterapia com crianças), e tudo estará resolvido.

Mas adolescente detesta ser comparado com ‘criança’, não suporta ter que fazer ‘coisas de criança’.

Por sua vez, a utilização de técnicas de adulto, como a conversa (ou, para os psicanalistas, a “associação livre”) também se mostra ineficaz na psicoterapia com adolescentes, porque ele passa o tempo todo da sessão sem saber o que dizer, olhando para o terapeuta, constrangido, sem entender o sentido da terapia.

Em ambos os casos, as chances de fracasso da terapia e desistência do paciente adolescente são altíssimas.

Anúncios

O que fazer então? Como atender adolescentes?

O adolescente não fala na terapia, não porque ‘não queira’, mas sim porque muitas vezes não consegue identificar o que sente, e traduzir esse(s) sentimento(s) em palavras.

Por vezes apresenta dificuldades em discernir e denominar conceitos, afetos, descrever cenas do cotidiano.

Do mesmo modo, apresentam relacionamentos ambivalentes com seu(a)s próprio(s) pai(s), e o terapeuta, por relação transferencial, representa o(a)/s genitor(a)/s com quem manifeste maior conflito (com um ou com ambos os pais).

Então, muitas vezes, o “querer que o adolescente fale” é o mesmo que forçar uma relação que talvez não exista em ambiente doméstico, onde cada um está entretido com seus próprios afazeres e equipamentos eletrônicos e nem sequer se olham ou se cumprimentam…

O psicólogo precisará ter muita sensibilidade e habilidade para identificar a capacidade verbal do paciente adolescente (que nem sempre é condizente com sua compleição física: existem adolescentes de grande porte que têm dificuldade em conversar, enquanto outros mais franzinos se expressam com maior fluidez).

Outro aspecto que necessita atenção especial por parte do psicólogo é a linguagem.

Recursos que conectam

O psicólogo deve utilizar uma linguagem compreensível para o adolescente (sem “forçar”!), aprender o significado de gírias, conhecer a realidade daquele adolescente (ou de adolescentes naquela faixa etária).

E existem recursos lúdicos, que não sejam infantis, e que podem ser utilizados na clínica com adolescentes, para abordar aspectos correlacionados à problemática central daquele paciente.

Ex.: em caso de anorexia nervosa, em que pese ser um atendimento obrigatoriamente multidisciplinar, o psicólogo pode fazer suas intervenções particulares para abordar aspectos emocionais, sociais, familiares, escolares, que possam influenciar o comportamento de recusa alimentar daquele(a) adolescente.

Em geral, adolescentes gostam de fantasiar – o apego a personagens teens como super-heróis da Marvel, DC Comics, ou mesmo de videogames, mangás e RPG são provas disso! – embora tenham certa vergonha disso, por acharem que isso é ‘coisa de criança’ e querem ser ‘adultos’, que não ‘brincam’.

Mas, com algumas técnicas apropriadas, é possível mobilizar recursos afetivos do adolescente para ele desenvolver a imaginação, a fantasia, e assim estimular a desinibição, autoestima, a compreensão de si mesmo.

O uso de jogos condizentes com a faixa etária também se torna um recurso interessante para o desenvolvimento da comunicação ‘lúdica’ do adolescente com o psicoterapeuta.

Nos próximos artigos vamos abordar outros aspectos relacionados ao atendimento clínico ao adolescente.

Espero que tenham apreciado este artigo, e nos vemos nos próximos!

Cuidem-se!

Anúncios

Referências Bibliográficas

MONDRZAK, V.S. Adolescentes “pseudo-pseudomaduros”: um estudo da clínica psicanalítica na atualidade. Revista Brasileira de Psicanálise. São Paulo, v. 41, n. 2, p. 63-70, 2007.

NÁSIO, J.D. Como agir com um adolescente difícil? Um livro para pais e profissionais. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

ZIMERMAN, D.E. Manual de técnica psicanalítica: uma revisão. São Paulo: Artmed, 2004.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Entrar

Cadastrar

Redefinir senha

Digite o seu nome de usuário ou endereço de e-mail, você receberá um link para criar uma nova senha por e-mail.