É comum, ao encontrarmos casais grávidos, escutarmos sobre suas expectativas com a chegada daquela nova vida.
Nessa etapa, nos deparamos com o bebê ideal. Entretanto, quando nascem o bebê real pode ser bem diferente do que esperamos.
Nesse momento chega a frustração, o medo e outros sentimentos que permeiam a mente daqueles pais. Isso acontece com todo mundo, é normal e saudável.
Quando nasce uma pessoa com deficiência isso também acontecesse, mas é vivenciado de forma diferente (atípica).
Existem algumas síndromes e transtornos com características físicas. No caso do Transtorno do Espectro Autista (TEA), isso não acontece.
É possível diagnosticar o TEA desde os 3 meses de vida, mas os sintomas ficam mais nítidos a partir dos 6 meses.
Só que dificilmente os pais procuram por tratamento nessa idade, pois esperam os atrasos do desenvolvimento começarem a ocorrer.
A primeira reação ao receber um diagnóstico costuma ser a negação, pois a vida da família irá mudar completamente.
Passam pela cabeça dos pais: será que vai levar uma vida normal?
Alguns pais erguem a bandeira do autismo e seguem firme na luta, outros precisam de mais tempo para lidar com suas inseguranças e está tudo bem.
Nesse momento é muito importante ter acesso a informação de forma didática e simples para que entendam que não é o fim do mundo.
A dificuldade de comunicação costuma ser um dos primeiros sinais que são observados pelos familiares. Com isso, pode ser comum ouvirem pessoas comentando sobre o atraso da criança e indagando: será que fulano de tal tem algum problema?
A partir desse momento os olhares curiosos começam a aparecer e ficam mais fortes com a presença de outro sinal: dificuldade na interação social.
Sabe os eventos familiares cheio de primos? A pessoa com TEA provavelmente será aquela no canto da sala, com as mãos nos ouvidos e evitando ser tocados por eles.
Outros podem ser mais curiosos ao chegar em um ambiente novo: mexem em tudo sem pedir permissão. Esse comportamento costuma não agradar os donos da casa, fazendo-os pensar que seu filho ou filha não tem educação, e com isso, param de te convidar para a casa deles.
Diversos artigos acadêmicos trazem a informação de que o sofrimento emocional de uma mãe de um filho autista é igual a de um soldado recém voltado da guerra que desenvolveu o Transtorno do Estresse Pós Traumático (TEPT).
Vale ressaltar que falo de mães, pois em diversos casos há um abandono dos pais. Mas o oposto também pode ocorrer.
Já observei, dentro da minha vivência profissional, que os grupos de orientação de pais são repletos de mulheres. Caso tenha algum homem, elas os desvalorizam.
O que é interessante de ser refletido, pois costumam reclamar que estão sozinhas e não podem trabalhar já que os filhos precisam de terapia.
A maternidade e paternidade atípica costuma ser solitária, acarretando a dinâmica daquela família.
Pessoas com autismo costumam ter desorganizações (crises) quando estão sobrecarregados de estímulos recebidos pelos 5 sentidos: audição, paladar, visão, tato e olfato.
Costumo brincar que é como se fosse um super poder de perceber coisas quem nem todo mundo consegue ver/sentir.
Existe uma frase famosa do homem aranha que diz “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”. Isso é verdadeiro, pois todos esses estímulos precisam ser extravasados.
É como se fosse um copo cheio de água, até que chega um momento que não cabe mais nada dentro dele e chega a transbordar.
Nesses momentos o medo começa a aparecer, pois são crises que assustam quem vê. Muitas pessoas que não compreendem podem julgar como birra, quem entende percebe que a pessoa está sofrendo também.
Devido a esses acontecimentos é muito possível que a família vá deixando de frequentar os locais desorganizadores, ficando cada vez mais isolados e sobrecarregados.
Cara família atípica, saiba que vocês também são importantes e merecem cuidar da sua saúde mental. Não se anule em prol dos filhos, eles precisam que vocês estejam bem.
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