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Maid: O que uma série é capaz de ensinar sobre violência psicológica?

A série reflete a história de milhares de mulheres que trabalham duro, ganham pouco e ainda são sujeitas a uma rotina diária estressante e abusos morais e psicológicos.
Maid: O que uma série é capaz de ensinar sobre violência psicológica?

Uma nova série está fazendo sucesso na plataforma Netflix. Na primeira quinzena de outubro chegou ao top três dos mais visto no Brasil.

E essa é uma série impossível de esquecer, com aprovação de 96% dos assinantes da plataforma e boas recomendações da crítica especializada.

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Maid (faxineira em inglês) é uma história baseada em uma história real, a vida da escritora Stephanie Land que escreveu o best-seller autobiográfico Superação: Trabalho Duro, Salário Baixo e o Dever de uma Mãe Solo.

Na trama Álex é a protagonista da história e sofre um relacionamento abusivo com o namorado alcoólatra.

A história de Álex não é inusitada, e talvez exatamente por isso aconteça tanta identificação, o casal vivia bem até que ela engravida e ele não aceita a gravidez pedindo lhe para interromper.

Como Álex não aceita o aborto, o namorado alcoólatra começa a ter comportamento abusivo repetindo um ciclo já conhecido pelas vítimas de abuso doméstico: violência/pedido de perdão/lua de mel, até que a agressão emocional fica insuportável com murros na parede e Álex foge no meio da noite com a filha.

Em uma das primeiras cenas já conseguimos perceber a dificuldade financeira que a protagonista passa quando precisa abastecer e conta as moedas para colocar combustível o suficiente no carro.

Reprodução / Netflix

Sem apoio nem da própria mãe (que também é uma vítima crônica de violência doméstica) ela luta para se sustentar fazendo faxina e recebendo uma miséria como pagamento enquanto ainda é culpabilizada (até mesmo pelo poder judiciário) por tirar a filha do “conforto” do lar, correndo o risco de perder a guarda da filha.

 O mais incrível da série é que reflete a história de milhares de mulheres que trabalham duro, ganham pouco e ainda são sujeitas a uma rotina diária estressante e abusos morais e psicológicos.

É incrível ver a protagonista aprendendo que para ser abusada nem sempre precisa de marcas no corpo, e que essas marcas ficam na alma.

Em nenhum momento a série mostra agressões físicas, e isso é ótimo para sair do clichê que para a mulher ser agredida ela precisa provar com marcas.

A série mostra com clareza algo que já tenho observado no consultório: a questão do abuso hereditário, mulheres vítimas de violência doméstica geralmente são filhas de mulheres que também foram vítima.

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A mulher que cresce em um ambiente agressivo tende a entender como normal e muitas vezes tem o nível de tolerância dos abusos muito alto.

Dessa forma mulheres que cresceram em ambientes onde os gritos e agressões eram frequentes tem tendência a aceitar gritos e agressões com mais tolerância que outras que viveram em ambiente tranquilo na infância.

Em uma cena em que o casal começa a discutir, a filha Maddie se esconde no armário e quando Álex vai pegá-la, ela se vê em suas memórias toda assustada enquanto sua própria mãe tenta acalmá-la dizendo que está tudo bem.

Confesso que a série me trouxe um turbilhão de emoções e uma tonelada de gatilhos, mas a mensagem  clara que fica é:  o machismo impera em todas as culturas.

E, ver o pai da Álex protegendo o ex genro e negando ajuda a própria filha é a metáfora fiel de que estamos (quase) sozinhas nessa jornada e podemos contar com pouquíssimas pessoas mais esclarecidas.

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Sobre o autor(a)

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Luciana Santos

Psicóloga e Analista Comportamental apaixonada por pessoas e seus comportamentos anseia por levar a conhecimento ajudando as pessoas a resolverem seus problemas diários.
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