Muitas pessoas amam o clima natalino e ficam animadas com a proximidade desse novo ano. Em tempos normais, reúnem-se em família e com os amigos.
Esse texto foi escrito em dezembro de 2020, um ano diferente. Estamos em pandemia devido ao vírus covid-19, por causa disso as festas de finais de ano serão menores, pois não podemos aglomerar.
Entretanto, precisamos falar sobre esse assunto que causa sofrimento tanto para as pessoas com autismo, quanto os familiares.
Para que esse texto se torne o mais didático possível iremos iniciar pelo natal, ok? Então, vamos lá…
Nesta data é marcada pela casa cheia de familiares e amigos, além disso muito comida gostosa e trocas de presentes.
Precisamos lembrar que muitas pessoas com TEA ( Transtorno do Espectro Autista) possuem uma hipersensibilidade sensorial. Ou seja, os cinco sentidos (olfato, visão, paladar, audição e tato) podem ser extremamente sensíveis.
Quando estamos reunidos com um grupo de pessoas há muito ruído de conversas e para pessoas com um “super ouvido”, fica difícil permanecer ali no mesmo ambiente.
Devido a isso, podem ocorrer algumas crises que assustam quem está ao redor, sendo que é simplesmente uma forma de explicar um incômodo.
O mesmo pode acontecer no campo do “super nariz”, pois alguns cheiros podem ser muito prazerosos para aquela pessoa com autismo e outros podem causar repulsa.
Os dois motivos levam, também, a uma desorganização que poderá ser feito contra o outro (heteroagressão) ou contra si mesmo (autoagressão).
Por causa do que foi mencionado acima, muitos autistas apresentam seletividade alimentar, pois algumas texturas, cheiros e gostos podem ser extremamente aversivo (ruim) para eles.
Notem que já falamos da hipersensibilidade auditiva, olfativa e gustativa; mas de uma forma mais simples de explicar: através de super poderes.
O super poder da visão pode aparecer de que forma nas festas natalinas?
As luzes com brilho intenso e piscando, podem gerar um desconforto nos olhos. Já na questão do tato, podemos mencionar o toque físico e as texturas das roupas.
Muitas famílias possuem o hábito de comprar vestimentas novas para que possam usar na festa de natal.
Geralmente são roupas diferentes das que estão acostumados. Algumas pessoas no espectro costumam querer usar calças e bermudas de tectel, mas nessa época do ano por causa do desejo da família, irão precisar usar calças de alfaiataria.
Outro cenário comum, em épocas sem pandemia, são os abraços e beijos. Alguns autistas não suportam esse toque físico.
Notem que os exemplos citados acima, são fictícios. Porém são queixas comuns que já recebi em consultório.
Nas festas de ano novo, além de tudo já mencionado, temos um agravante: os fogos de artifício.
Pessoas com uma hipersensibilidade aditiva relatam que seus ouvidos doem com o barulho, fazendo com que tampem os ouvidos e se tranquem em algum cômodo.
Familiares e amigos podem colaborar
Vale ressaltar que não são apenas os autistas que sofrem com tudo o que já foi apresentado nesse texto, então devemos acrescentar nessa equação mais uma variável: os familiares.
Aqui iremos focar nas crianças e adolescentes, mas podemos inserir os adultos não verbais também, pois não irão conseguir expressar o que sentem.
Os pais de crianças atípicas costumam sofrer com o julgamento da sociedade, pois ao verem uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista gritando, irão automaticamente pensar: nossa, que pessoa birrenta.
Se você leu o texto até aqui já sabe que não é falta de educação ou birra, mas sim a presença de “super poderes”.
Mas então, como podemos ajudar essas pessoas? No caso de barulho, uma boa opção é usar os abafadores de som que parecem com um fone de ouvido sem fio.
Não existe uma fórmula mágica, aliás, tem uma sim. Sabem qual é? Respeito!
Tente descobrir qual é o super poder do autista que está no seu circulo social e permita que se sinta o mais confortável possível.
E se ele não suporta toque? Evite colocar a mão nela.
Não gosta do cheiro de arroz? fique atento e procure não levá-lo ao ambiente que terá esse alimento, até que aprenda (em terapia com psicólogo) a lidar com aquele desconforto.
Se podemos deixar uma moral da história é: não os force. Trate-os como gostaria de ser tratado.
Assim, será muito mais prazerosa as festas de final de ano.
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