Uma situação ou um conjunto delas onde se percebe mais do que um arraigado “costume” pode demonstrar as implicações decorrentes do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
O indivíduo retorna à casa várias vezes antes de se encaminhar em definitivo para o trabalho, visando conferir se de fato fechou as janelas, o registro do gás e deu duas voltas na fechadura da porta principal.
Nisso, perde-se o ônibus, o horário de bater o ponto, o chefe chama a atenção pela centésima vez.
E a preocupação ao longo do dia ainda volta: será que tranquei mesmo o portão (e um incômodo inquietante)?
Em outra narrativa a necessidade de lavar as mãos é incessante: Ninguém pode encostar que a aflição é imediata.
Se precisar girar a maçaneta, corre até o banheiro para esfregar as mãos com o sabão, álcool em gel a ponto de ressecar, ferir a pele.
A angústia é enorme pois tudo parece estar contaminado e ser um perigo em potencial para um enorme dano pessoal.
Há ainda os que prezam (incisivamente) pela simetria: as roupas e sapatos dispostos estrategicamente por cor, tamanho…
Objetos posicionados sempre da mesma forma, causando agitação extrema se mudados ou ligeiramente “tortos”. Brigas e desgastes dentro de casa por conta daqueles que não seguem milimetricamente essa “regra”.
Quais os sintomas do TOC ?
Quando as atitudes repetitivas são efetuadas diariamente por diversas vezes, chegando a causar constantemente prejuízo nas relações como desavenças, rompimentos e mal estar consigo próprio podemos estar diante de um caso de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Sintomas como a ocorrência crises ansiosas, irritabilidade, sensação de inadequação também são muito comuns.
De acordo com Torres e Smaira (2001) o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) denota uma fenomenologia diversificada, com inúmeras possibilidades de manifestação o que pode dificultar sua identificação.
Envolve comportamentos repetitivos à procura de alívios fugazes, dúvidas insolúveis e medos descabidos.
O grau de critica varia de indivíduo para indivíduo e também conforme a ocorrência.
Dependendo da personalidade e dos contextos socioculturais cada paciente reage de uma forma ao problema.
Então, a necessidade de efetuar a ação é imediata, automática e o indivíduo realiza independentemente de constrangimentos e discórdias, pois causa alívio como se tivesse a impressão “de que agora está tudo bem”.
Mas essa sensação não perdura por muito tempo. Pois, há a urgência interna de se repetir mais uma vez.
Esse panorama pode prejudicar a pessoas em diversas esferas, trazendo a sensação de insatisfação frequente e de “escravo” da condição.
Tratamento
Nessas circunstâncias requere-se o acompanhamento psicoterápico (e psiquiátrico em alguns casos), inclusive para a família próxima para conseguirem lidar melhor com a condição do ente querido, auxiliando como for possível no processo.
Existe, portanto, apoio especializado. Se você se identificou com os enredos contados e sente que são causas de sofrimento, busque orientação.
Você não precisa enfrentar as dificuldades sozinho(a).
Referência Bibliográfica
TORRES, Albina R; SMAIRA, Sumaia I. Quadro clínico do transtorno obsessivo-compulsivo. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 23, supl. 2, p. 6-9, Oct. 2001.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462001000600003&lng=en&nrm=iso, acesso em 19 Nov. 2020.
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