“As crianças estão mais motivadas a cooperar, aprender novas habilidades e dar afeto e respeito quando se sentem motivadas, conectadas e amadas. ”
Jane Nelsen
Soube recentemente, que em Portugal, no dia 23 de setembro, é comemorado o Dia dos Filhos.
Já nos Estados Unidos da América, a data é 11 de agosto, e a ideia talvez, de ambos países seja incentivar os pais a passarem um tempo maior com os filhos.
No Brasil ainda não temos essa data como algo de expressão – confesso que apesar de trabalhar com educação e estar bastante antenado a esse universo, notei apenas pequenos movimentos nessa direção – uma foto aqui e outra ali em alguma rede social.
Talvez essa data nunca tenha sido tão oportuna, afinal nunca os pais passaram tanto tempo com seus filhos como nos últimos meses.
Por um outro lado, a antiga questão permanece – como passar um tempo de qualidade com os filhos? O que quero transmitir enquanto valores? O que quero deixar de “herança” para meus filhos e filhas?
As perguntas são variadas e as respostas diversas, pois muitas são as possiblidades. O que é certo é o fato de que seus filhos serão frutos das vivências que você propiciar, das suas crenças e valores enquanto pai ou mãe, e provavelmente menos o que você espera, deseja, “sonha” para ele ou ela.
Acompanho a trajetória de muitos pais e acolho todas essas preocupações e inseguranças – realmente a parentalidade não é algo simples; é preciso muito empenho, esforço, abdicação e um longo aprendizado para que se tenha “sucesso” nessa jornada.
Em trabalhos com grupos de pais, quando propomos que imaginem seus filhos em 10, 15 ou 20 anos à frente do tempo presente, o que ouvimos é que esperam sejam, no futuro, adultos honestos, trabalhadores, com uma carreira de sucesso, e que sejam, principalmente, felizes.
Nesse momento, que é marcado por profunda emoção, apenas dizemos que esses adultos que estão imaginando, nada mais são do que as crianças de hoje que fazem birra, se jogam no chão, não querem sair da frente do computador, ou os adolescentes que batem a porta do quarto, não querem nem pensar em sair com os pais ou até mesmo estar em sua companhia – preferem, sem titubear, estar com a turma de amigos.
Pois é! E o que fazer para lidar com esses momentos de tantas adversidades, dificuldades, infinitos comportamentos dito inadequados?
O que fazer para em um tempo futuro não tão distante assim atingir esse “estado de graça”, essa felicidade em perceber que seu “projeto deu certo”?
Bem, receitas prontas não existem, porém podemos nos basear em práticas parentais baseadas em estudos, pesquisas, aplicação e vivências, que realmente são norteadoras para uma educação mais efetiva, respeitosa, carinhosa – afinal já sabemos a um bom tempo – que castigos físicos, agressões verbais, punições e humilhações não funcionam em longo prazo.
Essas práticas podem até interromper um comportamento inadequado momentaneamente, mas ao longo do tempo se mostram totalmente ineficazes e desrespeitosas, além de, obviamente serem uma violência desnecessária.
Educação com foco em afeto
Gosto muito dos princípios da Disciplina Positiva de Jane Nelsen, cujo objetivo é educar com foco no afeto, na compreensão, no respeito e no aprendizado mútuo, buscando o estabelecimento e construção de uma autoestima positiva, da autoconfiança e de outras habilidades sociais que preparam a criança para uma vida mais plena.
Tudo isso sem deixar de estabelecer limites firmes e regras sólidas. Suas palavras principais são: firmeza e gentileza – ao mesmo tempo.
Devemos ser firmes em respeito a nós mesmos (adultos) e para com a situação em si, e gentis para com a criança ou adolescente que merece todo nosso respeito.
Existem alguns critérios para avaliarmos se estamos indo na “direção” do que nos propõe a Disciplina Positiva:
- Nossa concepção e nossos atos são firmes e gentis ao mesmo tempo, sendo também respeitosos e encorajadores?
- Ajuda as crianças a desenvolver um senso de aceitação e importância?
- É efetiva em longo prazo?
- Ensina habilidades sociais e de vida valiosas para a formação de um bom caráter?
Conforme dissemos, as possiblidades são muitas e as maneiras de educar são infinitas e não podemos nos esquecer de que as crianças estão sempre em busca de aceitação e pertencimento.
Quando escuto de alguns pais que seus filhos não fazem outra coisa além de estar na frente do vídeo game e do tablet, me ocorre sempre a mesma inquietação – e você, o que tem feito incentivá-lo (a) a fazer outra coisa interessante?
O que tem proposto para que façam juntos e ele (a) se sinta útil e pertencente?
Quais habilidades de vida está ensinando para que ele se transforme naquele adulto que você “sonha”?
Como está o seu tempo junto com seus filhos? Pensemos nisso!
Referências Bibliográficas
NELSEN, Jane. Disciplina Positiva. 3. Ed. SP: Barueri, SP: Manole, 2015.
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