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Quando algo nos incomoda

Saber expressar sentimentos de incômodo frente às situações do dia-a-dia é indispensável para boas relações e, assim, manter sua saúde mental.
Quando algo nos incomoda

Quem de nós nunca passou por uma situação que nos deixou incomodado? Desde algo que alguém falou para nós que acabou ofendendo, até mesmo algum outro comportamento que trouxe algum prejuízo, enfrentamos constantemente diversas situações sociais aonde podemos expressar sentimentos de incômodo, desagrado e desgosto.

Muitas vezes, acabamos por não conversar com a pessoa envolvida, acabamos “engolindo muitos sapos” e, por fim, ou ficamos doentes ou explodimos em raiva. Poder expressar sentimentos e emoções é um direito, desde que não passemos por cima dos direitos de outras pessoas envolvidas.

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Saber expressar sentimentos é uma habilidade social e, como quase tudo, pode ser treinado de modo que sejamos mais assertivos conosco e com as pessoas ao nosso redor.

As habilidades sociais são um conjunto de comportamentos que, quando emitidos pela pessoa em um determinado contexto social, expressam sentimentos, desejos, opiniões ou mesmo direitos desse indivíduo, na busca de uma solução para resolver algum problema atual ou minimizar consequências negativas no futuro.

Entretanto, reconhecer um comportamento socialmente habilidoso nem sempre é tarefa fácil, pois esse varia de cultura para cultura, de período para período, idade, contexto social e situação em que nos encontramos.

Não só isso, também dependerá dos valores, crenças, atitudes e capacidades cognitivas, resultando em uma forma única de interação para cada indivíduo. Mas, para nortear nossas ações, podemos ter como base os Direitos Humanos Básicos. Dentre eles, cito aqui alguns que dizem respeito ao texto de hoje:

  1. Direito de experimentar e expressar seus próprios sentimentos;

2. Direito de ter nossas próprias necessidades e que essas sejam tão importantes quanto as dos demais. Além disso, temos o direito de pedir (não exigir) aos demais que correspondam às nossas necessidades e de decidir se satisfazemos as dos demais;

3. Direito de ter opiniões e expressá-las e

4. Direito de falar sobre o problema com a pessoa envolvida e esclarecê-lo.

Agora, relembre uma situação pela qual você passou, ou esteja passando, que lhe causou desagrado, que incomodou, mas que optou por não falar nada e ficar quieto.

Com o tempo, terminamos por apresentar uma postura mais defensiva com a pessoa, evitando-a, concordando com o que ela faz ou sendo ríspido nas conversas, sendo que a própria pessoa talvez nem saiba o porquê disso. Na maioria das vezes, uma conversa franca pode resolver as situações.

Como treinar essa expressão?

No geral, podemos seguir um pequeno roteiro para nos auxiliar nessa tarefa de expressar sentimentos. Esse roteiro, nomeado DESC, consiste em Descrever (describe), Expressar (express), Especificar (Specify) e Consequências (consequences).

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Passo 1: Descreva o comportamento ofensivo ou incômodo de modo direto e simples, sem rodeios, usando termos concretos e objetivos, descrevendo lugar e frequência. Você poderia começar as frases com “Quando você…; Quando eu…; Quando isso…”;

Passo 2: Expresse seus pensamentos e sentimentos em relação ao comportamento ou problema de forma positiva. Expresse-os com calma, concentrando-se no comportamento incômodo, e não na pessoa. Pode-se começar com “Sinto-me…; Acho que…”;

Passo 3: Especifique a mudança de comportamento que quer que a outra pessoa apresente. Você pode iniciar com “Preferiria que você…; Gostaria que você fizesse assim…”;

Passo 4: Assinale as consequências positivas que ocorrerão caso a mudança ocorra. Se necessário, assinale também as consequências negativas. Você pode começar com “Se você fizer isso…; Se você não fizer…”

Vamos colocar isso em um exemplo agora. Vamos supor que seu colega de trabalho não o auxilia nas tarefas do setor em que trabalham, o que acaba por deixar você com mais tarefas, sobrecarregado e mais estressado.

Usando esse roteiro, podemos bolar algo como:

Descrever: “Quando acaba o turno eu sempre acabo limpando a maquina sozinho além do horário de trabalho.”

Expressar: “Dessa forma sinto-me com raiva, frustrado e cansado.”

Especificar: “Gostaria que chegássemos a um acordo para que ambos nos sentíssemos bem. Por exemplo, você poderia me ajudar a limpar a máquina na qual trabalhamos.”

Consequências: “Dessa forma poderíamos produzir mais, bater nossa meta e teríamos uma melhor relação.”

Lembre-se sobre o que foi falado lá no começo, ser hábil socialmente depende de diversos fatores. Dependendo da situação, nem sempre serão necessários utilizar todos os passos. Muitas vezes, um, dois ou três passos já serão o suficiente.

Quando tratamos com estranhos podemos usar a combinação Descrever, Especificar e Consequências. Quando estamos lidando com amigos podemos usar a combinação Descrever, Especificar e Expressar.

Ao empregarmos a primeira combinação, tentamos fazer compreender um assunto sem chegarmos a sermos vulneráveis a ataques.

A segunda combinação é útil com amigos, que estão mais dispostos a compreender e simpatizar com o problema e podem ofender-se se forem mencionados as consequências.

Agora tente você, usando aquela situação relembrada anteriormente, expressar de maneira assertiva suas emoções na busca de uma resolução para o conflito. E busque praticar sempre que possível, pois essas habilidades não vêm do nada. É preciso treino!

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Referências Bibliográficas

Caballo, V. E. (2003). Manual de avaliação e treinamento das habilidades sociais. São Paulo: Santos.

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Sobre o autor(a)

Picture of Gustavo Assi

Gustavo Assi

Psicólogo Clínico e consultor em Psicologia do Esporte pela abordagem Analítico-Comportamental e pós-graduado em Neuropsicologia pela Universidade de Araraquara (Uniara).
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