O Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher celebra-se anualmente em 25 de novembro, para denunciar a violência contra as mulheres no mundo todo e exigir políticas em todos os países para sua erradicação.
A convocação foi iniciada pelo movimento feminista latino-americano em 1981 para marcar a data em que foram assassinadas as irmãs Mirabal na República Dominicana.
Em 1999, a Assembleia Geral das Nações Unidas em sua resolução 54/134 assumiu o 17 de dezembro como data para a jornada de reivindicação convidando a governos, organizações internacionais e organizações não governamentais a convocar atividades dirigidas a sensibilizar a opinião pública sobre o problema da violência contra a mulher.
A violência contra mulheres e meninas é pandemia invisível, afirma Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres e vice-secretária geral das Nações Unidas, segundo artigo publicado em 07 de abril de 2020:
“Mesmo antes da existência da Covid-19, a violência doméstica já era uma das maiores violações dos direitos humanos.
Nos 12 meses anteriores, 243 milhões de mulheres e meninas (de 15 a 49 anos) em todo o mundo foram submetidas à violência sexual ou física por um parceiro íntimo.
À medida que a pandemia da Covid-19 continua, é provável que esse número cresça com múltiplos impactos no bem-estar das mulheres, em sua saúde sexual e reprodutiva, em sua saúde mental e em sua capacidade de participar e liderar a recuperação de nossas sociedades e economia.
O aumento dos casos de violência doméstica na pandemia
(…) A Covid-19 está nos testando de maneiras que a maioria de nós nunca experimentou anteriormente, fornecendo choques emocionais e econômicos que estamos lutando para superar.
A violência que está emergindo agora como uma característica sombria dessa pandemia é um espelho e um desafio aos nossos valores, nossa resiliência e humanidade compartilhada.
Devemos não apenas sobreviver ao coronavírus, mas emergir renovadas, com as mulheres como uma força poderosa no centro da recuperação”.
Todos os dias mulheres e meninas são violentadas de diversas formas, da mais visível, deixando “marcas” no corpo, até as formas mais sútis, aquelas que deixam “feridas” na alma, no coração e na autoestima.
Ferir uma mulher é ferir a dignidade humana, é negar a habilidade de acolher, doar, amar, nutrir e florescer.
Como é possível que em pleno século XXI, ainda existam crenças e costumes violadores dos direitos das mulheres?
O que isso nos diz sobre a relação humana com o feminino que pulsa em todos os seres humanos?
Qual o papel da educação formal e não formal, das políticas públicas, da econômica, da garantia de direitos humanos, da sociedade civil organizada, de mim e de você nesse cenário desumano?
Que medo é esse de que as mulheres se expressem, digam não, assumam a liderança de suas vidas?
Acredito muito e trabalho todos os dias a crença pessoal de que mulheres e homens são fortes juntos, caminhando lado a lado, ombro a ombro, num compasso harmonioso, como uma dança leve, em que só há beleza na complementariedade.
Não me refiro a “metade da laranja”, pessoalmente, não acredito nisso.
Me refiro a interdependência, ou seja, cada um é um e juntos são fortes para trilhar a jornada de sucesso pessoal, profissional e coletivo.
Feminino e o masculino como aspectos complementares
O poder masculino não pode subjulgar o feminino e vice-versa, quando isso acontece as “feridas” aumentam e toda a sociedade sofre.
Sabedorias ancestrais, de várias culturas, horam o feminino, a mulher, como a representação da natureza em forma humana, a “deusa” que se fez gente, para nos ensinar o sentido profundo de amar, semear, colher, crescer, nascer e morrer.
É hora de reconectar a essência humana aos sagrados feminino e masculino, dentro de nós e depois expressar essa potência nas atitudes e escolhas da vida.
Assumir a responsabilidade em proteger e fortalecer as mulheres que sofrem caladas, as que não tem forças para pedir ajuda, aquelas que estão fragilizadas e acreditam que a culpa da violência sofrida é delas.
Chega de tortura, chega da crença do sexo frágil, chega de abusos físicos, morais, emocionais e financeiros, chega de sentir medo de ser mulher, chega de submissão!
Basta!
“Eu sou aquela mulher
Cora Coralina
a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida
e não desistir da luta,
recomeçar na derrota,
renunciar a palavras
e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos
e ser otimista”
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