Muitas crianças e adolescentes dedicam uma quantidade preocupante de tempo às redes sociais, videogames e outras atividades em dispositivos eletrônicos.
Pais e adolescentes frequentemente descrevem esses dispositivos como “viciantes”, utilizando o termo de maneira genérica para expressar a dificuldade em interromper o uso, superando o tempo considerado adequado.
Embora a dependência da internet não seja um diagnóstico clínico formal, profissionais de saúde mental observam um aumento de casos em que o uso excessivo dessas tecnologias alterou significativamente a vida dos adolescentes, levando até mesmo a problemas como depressão e, em casos extremos, suicídio.
As mídias sociais e os jogos são concebidos para estimular intensamente o cérebro das crianças.
O impacto negativo ocorre quando o tempo gasto diante das telas começa a interferir nas necessidades básicas, como alimentação, sono, conclusão das tarefas escolares e interação com amigos e familiares.
Pesquisas indicam que o uso excessivo das redes sociais pode constituir um fator de risco para o desenvolvimento de ansiedade e depressão em adolescentes.
O que é o vício em celular?
O vício em celular acontece quando alguém usa demais o smartphone, ficando muito tempo nele. Esse tipo de vício é chamado de “nomofobia”, que é o medo de ficar sem o celular.
Muitas pessoas no mundo usam smartphones, mais de 3,8 bilhões. Uma pesquisa da empresa Virgin Mobile mostrou que esses bilhões de usuários recebem 427% mais mensagens e notificações do que dez anos atrás, além de enviarem 278% mais mensagens de texto.
Embora usar o telefone seja algo comum hoje em dia, pode causar preocupações e problemas.
Muitas pessoas estão começando a se questionar sobre seus hábitos de uso do celular. As pesquisas no Google mostram que, desde 2004, as buscas por “vício em celular” vêm aumentando.
É crucial reconhecer que nem todas as atividades online são prejudiciais; muitas são apropriadas para a idade e benéficas.
Entretanto, caso suspeite que seu filho esteja dedicando excessivo tempo a atividades online, é essencial considerar a possibilidade de um problema subjacente de saúde mental.
Sinais e Sintomas de Dependência de Telefone
A distinção entre o uso saudável e o uso compulsivo de dispositivos móveis é uma linha tênue.
A dependência excessiva desses dispositivos pode evoluir para o vício em smartphones, com 6,3% da população geral, de acordo com uma revista acadêmica da Biblioteca Nacional de Medicina Americana.
Esse padrão de abuso é mais proeminente entre os jovens, especialmente com uma média de 16% de adolescentes viciados.
Diante do predomínio do uso crônico de telefone, como podemos discernir entre o uso “normal” e o vício?
Aqui estão algumas maneiras de identificar sinais e sintomas de dependência de telefone:
- Mentir sobre o uso do smartphone.
- Expressões de preocupação por parte de entes queridos.
- Negligenciar ou ter dificuldades para cumprir tarefas no trabalho, na escola ou em casa.
- Aumento constante do tempo usando um telefone.
- Verificar repetidamente os perfis das pessoas devido à ansiedade.
- Acidentes ou lesões relacionados ao uso do telefone.
- Trabalhar além do horário utilizando o celular para concluir tarefas.
- Vida social fraca ou inexistente.
- Medo de perder algo.
- Isolamento dos entes queridos.
- Sensação de falta de conexão.
- Irritação ou raiva quando o uso do telefone é interrompido.
- Verificar o telefone à noite prejudicando o sono.
- Pegar o telefone quando está sozinho ou entediado.
- Percepção de vibrações fantasmas (pensar que o telefone vibra quando não o faz).
- Dificuldade em limitar o uso do telefone.
- Desejo constante de acesso a um smartphone ou outro dispositivo (tela).
Reconhecer esses sinais é fundamental para abordar o problema e promover um uso mais equilibrado e saudável dos dispositivos móveis.
Efeitos negativos do vício em celular
Os efeitos negativos do vício em celular são preocupantes e refletem uma forma de dependência relativamente recente.
Embora a Associação Americana de Psiquiatria ainda não o reconheça oficialmente como uma condição, muitos profissionais médicos e pesquisadores em todo o mundo consideram-no um vício comportamental.
Estudos indicam que o uso constante de smartphones ao longo do tempo pode ter impactos negativos semelhantes aos observados em vícios mais tradicionais, como o jogo.
O vício em celular pode resultar em diversos problemas, incluindo:
- Distúrbios do sono
- Redução da concentração
- Bloqueios criativos
- Agravamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
- Ansiedade
- Diminuição da cognição
- Estresse
- Solidão
- Insegurança
- Prejuízos nos relacionamentos
- Queda nas notas escolares
- Desenvolvimento de transtornos psicológicos
De acordo com The American Psychiatric Association, o uso crônico do telefone pode provocar disfunções físicas, como a alteração do GABA (um neurotransmissor cerebral) e a perda de massa cinzenta no cérebro, fenômenos que apresentam uma forte correlação com transtornos decorrentes do uso de substâncias.
Disfunção do GABA é uma consequência comprovada do uso excessivo crônico do telefone, resultando em alterações químicas nos circuitos de recompensa do cérebro.
O ácido gama-aminobutírico (GABA), um neurotransmissor chave, é particularmente afetado.
O GABA é conhecido por seu papel inibitório, gerando efeitos calmantes ou eufóricos e desempenhando um papel crucial no controle do medo e da ansiedade.
Este neurotransmissor é significativo no contexto do vício, pois recompensa o uso de substâncias e fortalece comportamentos dependentes.
A redução da matéria cinzenta no cérebro está associada à região do sistema nervoso central que influencia o controle do movimento, memória e emoções.
Um estudo recente investigou o cérebro de indivíduos viciados em telefone, revelando alterações significativas na matéria cinzenta.
Os pesquisadores observaram que a estrutura e o tamanho cerebral desses participantes se assemelhavam aos de usuários de drogas.
A diminuição do volume de matéria cinzenta foi identificada em áreas críticas, uma condição comparável à observada em pessoas com transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Apesar de os smartphones serem recursos excelentes, eles também podem representar ferramentas potencialmente perigosas, especialmente para crianças e jovens.
A verdadeira extensão dos problemas resultantes do uso excessivo desses dispositivos ainda não é completamente compreendida.
Contudo, é extremamente importante adotar uma postura atenta e cuidadosa para não prejudicar o bem estar e a qualidade de vida das crianças e adolescentes que estão em fase de desenvolvimento e podem sofrer graves danos.
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