A Bela e a Fera é um conto de fadas que faz parte do imaginário coletivo por muitos anos. O conto original era composto de mais de 300 páginas publicado por Madame de Villeneuve, em 1740.
A história original discorre sobre uma fada que tem uma filha com um rei e doa a menina a um comerciante por não poder criar ela no mundo das fadas.
Nesse meio tempo uma rainha entrega seu próprio filho ao mundo da magia e ele é criado por uma fada.
Depois de grande a fada tem desejos por ele, mas ele a recusa, dessa forma a fada enfurecida o transforma em um monstro terrível.
A maldição só seria quebrada quando uma mulher aceitasse dormir com ele por livre e espontânea vontade.
Desse ponto pra frente é igual á história que nós conhecemos, só muda um pouco no final que foi abolida o conteúdo erótico e o feitiço é quebrado com um beijo de amor.
Vou analisar a história como foi divulgada pela Disney, pois é a Bela e a Fera que conhecemos.
A história da Disney por outra perspectiva
A história atual já tem muito pano pra manga para avaliarmos do ponto de vista da realidade, então vamos deixar a original de lado por enquanto, até porque ela já é bem mais horripilante que o conto.
Peço desculpas a minhas leitoras se porventura eu destruir o imaginário de algo tão lindo e puro. Talvez você não concorde comigo, e tudo bem, não tem problema.
O importante é que você reflita sobre o papel que a sociedade espera de nós mulheres independentemente de nossos desejos e vontades.
E ainda o quanto crescer com tais imaginários faz com que inconscientemente a menina acredite que é normal e esperado (e lindo) se casar com um monstro e transformá-lo em um lindo príncipe.
Isso coloca “nas costas da mulher” toda a responsabilidade de “domar a fera”!
Seria uma estupidez minha dizer que a culpa dos relacionamentos fracassados, violência doméstica ou outros dissabores que as mulheres sofrem hoje seja por culpa de um conto de fadas.
Longe disso, o que trago é o quanto histórias, musicas, e filmes tão importantes para a formação da personalidade favorece o cultivo de uma cultura machista.
Isso pode ser também prejudiciais se não for minimamente saudável, e já adianto, A Bela e a Fera não é.
Vou discorrer sobre os acontecimentos pelo ponto de vista de como a Bela estaria se sentindo naquela situação.
Então vamos a história, como supostamente teria acontecido se fosse um conto real:
A bela e a fera da realidade
Bela é uma linda garota que cresceu em um pequeno vilarejo, órfã de mãe, ela passava seus dias muito sozinha já que seu pai era comerciante.
Seu pai viajou e quando retornou estava muito triste e abatido porque sabia que iria morrer. Quem cuidaria da sua linda filha?
Bela então pergunta ao pai o que havia acontecido e então fica sabendo do horror que tinha acontecido:
Ela pediu que o pai trouxesse uma flor de presente e ele então a roubou do jardim de um castelo abandonado.
Nesse momento detrás dos arbustos sai um monstro terrível, grande, peludo e que o leva preso por roubo e o monstro diz que vai mata-lo.
O pai de Bela implora por clemência sem sucesso, então o pai de Bela pede para ao menos se despedir da filha e voltar para ser morto.
Bela se desespera ao saber que com o pai que tanto ama morto, ele estaria sozinha no mundo.
Então em um roupante de insanidade ela foge de casa e vai se encontrar com o monstro em uma triste demonstração de desespero e ideação suicida.
Imagina os sentimentos de Bela enquanto caminhava em direção à morte (Ela não sabia que a Fera poupar-lhe-ia a vida)?
Bela, indefesa e sozinha chega ao castelo e encontra-se com o monstro de seus pesadelos, grande, feio, maldoso e assassino.
Imaginemos que Bela vai pra lá para morrer no lugar do pai, assim que ela chega é trancafiada pelo monstro em uma cela.
Com o passar dos dias Bela vai conquistando um pouco de liberdade e é convidada a deixar a cela e jantar com a Fera.
Note que a Fera tem todo poder sobre Bela, inclusive de decidir se ela vive ou morre.
A solidão da mulher em um relacionamento abusivo
Bela é isolada de todos os seus familiares e amigos, ela está completamente isolada e não tem a quem recorrer.
Com o passar do tempo Bela começa uma amizade com Fera e ela aos poucos vai conseguindo um pouquinho mais de liberdade e é premiada até com uma visita ao pai doente.
Consegue imaginar a Bela chegando para visitar o pai, ele está doente de saudades da filha, como seria voltar para o local onde você viveu depois de ficar trancafiada correndo risco de vida?
Imagina como ela se sente culpada por ter que ficar ausente e isso comprometer a saúde do pai!
Depois que o pai melhora Bela volta pra casa da Fera (sabendo que o pai corre o risco de adoecer de novo) e a encontra quase morrendo.
Nesse momento ele vai perder a vida por culpa dela!
Ela que saiu e pensou mais na família dela do que nele, que era tão bom, que até permitiu que ela visitasse o pai!
Tomada pela culpa e medo de perder o homem que (em um clássico caso de Síndrome de Estocolmo) ela descobriu que amava, ela dá um beijo e pede para que ele não morra porque ela o ama.
No final a Fera se transforma em um lindo príncipe aos olhos de uma indefesa e fragilizada psicologicamente Bela.
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