Um furacão invadiu e polarizou as redes sociais nessa semana, um furacão com nome de mulher e pose e aparência de homem: Thammy Miranda, ator transgênero.
Em todas as redes sociais o assunto do momento é Thammy. Milhões o criticam e milhares o defendiam.
Até religiosos e famosos participaram do ataque ou da defesa.
A indignação, piadas e/ou ataques diversos se deu porque Thammy anunciou em suas redes sociais que participaria da Campanha de Dia dos Pais, representando uma empresa de cosméticos.
Os internautas nem pararam para raciocinar o que isso significava e já imaginaram que a empresa estava “homenageando uma mulher como se ela fosse pai”.
Um homem trans pode ser homenageado no “Dia dos Pais”?
Na verdade o que aconteceu é que o ator foi convidado juntamente a outros influencers a divulgar a marca em suas redes sociais, apenas isso.
Mas o boom foi tão grande que o nome da empresa foi um dos mais citados na internet e suas ações na bolsa de valores subiram exponencialmente em plena pandemia e isolamento social.
A internet polarizada tinha dois lados:
De um lado quem o defendia com o argumento de que, o que importa é ele e o filho são felizes; apoiando a empresa por representar a diversidade.
Do outro os mais radicais e conservadores com discursos inflados conclamaram um boicote aos produtos da empresa com o discurso dela estar homenageando “uma mulher” como pai do ano.
Mas quem é Thammy Miranda? Ele é filho de Gretchen, cantora brasileira conhecida como a “Rainha do Rebolado”.
Durante os primeiros anos da adolescência Thammy seguiu os passos da mãe na dança sensual e super feminina.
Antes de se perceber como pessoa transexual, ainda como mulher acompanhou a mãe como bailarina e posou para a revista dedicada ao público masculino.
Em 2006 se percebeu lésbica, cortou os longos cabelos, começou a se apresentar de forma masculinizada.
E no ano de 2014 assumiu sua identidade de gênero, se tornou então “O” Thammy, e, por escolha própria não quis mudar o nome.
Já em janeiro desse ano, nasce o filho de Thammy com sua esposa Andressa, fruto de uma inseminação artificial entre espermatozóide de um doador anônimo e o óvulo de Andressa.
O que é ser pai?
Desde a gravidez da esposa, Thammy tem se mostrado um pai orgulhoso, amoroso e bastante participativo.
A figura de pai ainda é muito deficitária para milhões de brasileiros, 5,5 milhões de criança não tem se quer o nome do pai na certidão de nascimento.
Se tornou normal notícias de pais que espancam e/ou matam as esposas na frente dos filhos.
Há pais que não pagam a pensão ou pagam 30% de um salário mínimo (e acham que está sustentando com esse valor irrisório a mãe da criança) outros milhões de filhos abandonados afetivamente etc.
Com esse cenário dá pra entender tanto ódio dirigido ao ator e não é pelo fato de ser transgênero.
É pela ousadia, mesmo com um país transfóbico apontando o dedo e fazendo piada Thammy não desistiu.
Ele não é um fraco (e como os transfóbicos de plantão adoram evidenciar o tempo todo), ele nasceu mulher, ainda assim se deu excelentemente bem nos dois papeis, e é feliz!
Para uma sociedade machista ver um transexual entregue as drogas, prostituição, mendigando é até uma forma de consolo.
Dessa forma, a transfobia é saciada por um sentimento de vingança de que ele escolheu o caminho do mal e foi punido por isso.
Mas Thammy não (que disparate!) Vê-lo feliz, e atuando com competência seu papel de pai, de homem, dói e ameaça a masculinidade frágil de muitos.
O ator transgênero usurpa o lugar de macho insubstituível, e ele fez isso com testosterona sintética, cirurgias reparadoras.
E, ainda não precisou do troféu máster ostentado pelos machista: o órgão sexual masculino.
Ou seja, tudo o que os machistas consideram especial pode ser fabricado e isso é ameaçador!
Para combater isso a masculinidade tóxica fará o possível e o impossível para desacredita-la, depositando no Thammy todo seu ódio, frustração e transfobia.
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