Você já viu essa frase “Pegue o que precisa, deixe o que você não precisa” em algum lugar?
Curiosamente essa simples frase marca uma reflexão muito interessante dentro de duas séries famosas. Sim, se você faz parte dos fãs de Fear the Walking Dead ou The Walking Dead você já deve saber do que estou falando.
Ambas são séries de tv norte-americana baseada em uma história sobre o apocalipse zumbi e há personagens que transitam nas suas produções como o personagem da imagem, o Morgan.
Altruísmo em uma realidade distópica
Com a civilização em colapso, a série evidencia que os mortos não são tão perigosos como aqueles que lutam pela sobrevivência.
A todo momento em várias situações os personagens realizam atrocidades inimagináveis. Mocinhos e bandidos não estão cristalizados, eles coexistem dentro de todos na série.
Em determinada ocasião, alguns personagens se deparam com uma caixa de papelão com os dizeres “Pegue o que precisa e deixe o que não precisa”.
Inicialmente a proposta é objetiva, referindo-se a pegar ou deixar alimentos ou objetos. Mas, a partir daí surge uma inquietação e uma postura altruísta em diversos personagens.
Altruísta é o contrário de egoísta. Entretanto, para ser uma pessoa que pensa e age em prol das necessidades do outro é preciso primeiro conhecer as suas próprias necessidades.
Deixar aquilo que não se precisa, embora pareça fácil, é uma tarefa nada simples.
Tanto para pegar, quanto para deixar o que não se necessita, é preciso olhar para si, reconhecer quem você é, com seus excessos e faltas.
Desapegar é difícil? E se abrir para o novo então!
Desapego…
Há pessoas que não conseguem desapegar de presentes de casamento, uma roupa da adolescência, uma “culpa” do passado ou uma relação que já acabou.
Para fazer esse exercício de desapego é preciso olhar com transparência e autocompaixão para si.
É essencial assumir que todos nós estamos em um processo de desenvolvimento e reconhecer que tudo que você vivenciou até aqui, estruturou a pessoa que você é.
O que não ocorreu no passado, deve ficar no passado. Pois eles podem gerar frustração, culpa, medo, angústia entre outras “pedras” que impedem você de se sentir bem consigo e se permitir a “pegar algo novo”.
Veja, é importante reconhecer o peso extra, aquilo que você não precisa seguir carregando. Se você não concluiu aquele curso na faculdade há anos atrás, seguir melindrado por isso não trará nada além de sentimento de impotência ou talvez de fracasso.
É impossível voltar no tempo e concluir a faculdade no ano que se passou. O que você objetivamente pode fazer nesse caso?
Você realmente deseja terminar o curso? Certo, você pode providenciar que tal desejo seja realizado ou você também pode aceitar que você vivenciou o que fez sentido naquele momento e que o seu trajeto até aqui foi o resultado da escolhas daquele tempo.
É possível apreciar o aprendizado trazido e seguir para uma nova experiência a partir das suas necessidades atuais, da pessoa que você é hoje.
Autoconhecimento – processo de conhecer ” as delícias e dores de ser quem se é”
A monja Coen faz uma comparação bem interessante para ilustrar o apego em demasia. Ela diz que é como se fosse cola, se você está com cola nas mãos e pegar algo, ele permanecerá preso, impedindo que você largue o que havia pego e segure algo novo.
“Tirar a cola das mãos” é perceber que, há momentos que as mãos também ficarão vazias e está tudo bem. Você também conseguirá continuar só com você mesmo.
Um bom exemplo, é o movimento minimalista. Ele é maravilhoso para nos lembrar que é possível viver com o que é necessário e importante.
Encontrar um “lugar interno” confortável para se sentir bem com quem se é, como a música do Caetano Veloso, é conhecer ” as delícias e dores de ser quem se é”.
Termino esse post perguntando para você:
O que você percebeu que não precisa mais e o que você vai buscar após identificar o que precisa nesse momento?
Quais atitudes, pensamentos e até mesmo pessoas você deixará partir, para fluir e se permitir a viver algo novo?
Por fim, a frase “Pegue o que precisa, deixe o que não precisa” pode ser um grande disparador para um processo de autoconhecimento.
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